Abrantes numa posição alta, emergindo da planície e elevando-se a quase cem metros acima da paisagem das baixas do Tejo, que curva ao longo do sopé da colina de Abrantes, conferem-lhe qualidades de ponto estratégico militar. Neste conjunto de linhas em harmonia destaca-se a cruz enorme e larga para se ver de longe, a partir das planícies verdes cobertas de milho onde outrora havia trigo e onde avulta o casario das povoações do Rocio ao sul do Tejo e de Alferrarede a nordeste. Para nascente, na paisagem rural mantida durante séculos surge uma dissonância que a indústria impôs e as enormes chaminés da central a carvão do Pego criam um volume brutal que rompe a escala e harmonia deste final da lezíria do Tejo. (CASTEL-BRANCO, C., 2014)

O Outeiro de S. Pedro é um bastião defensivo que aproveitou um esporão natural a sul do castelo e sobranceiro ao Tejo e que forma um miradouro sobre toda a paisagem. Quem fizesse a guarda a partir deste castelo assegurava uma vigilância completa sobre milhares de hectares de planícies e vales que se abrem sobre o Tejo e horizontes de cordilheiras longínquas a toda volta. 360 graus de visão completa garantiam a partir do castelo um controle sobre os ataques surpresa dos múltiplos inimigos que desejavam conquistar esta paisagem. Os muros do baluarte em xisto servem-lhe de enquadramento. São baixos e a inclinação e as aberturas para os canhões que serviam a defesa da cidade, têm linhas minimalistas, apenas com intenções funcionais, conjugando-se com o monumento modernista em honra de D. Nuno Álvares Pereira. É uma obra de linhas modernistas e o feixe de peças encostadas cria um espaço vazio interior para onde entra a luz coada pelos mosaicos. São seus autores o arquiteto Duarte Castel-Branco e o escultor Lagoa Henriques que souberam criar no outeiro um local de serenidade onde se ajoelhava a estátua de D. Nuno Álvares Pereira com as mãos em posição de prece. Atualmente o outeiro de São Pedro está cheio de grafittis, com os mosaicos partidos, já sem as letras de cobre que contavam a história e sobretudo com a estátua de Nuno Álvares desaparecida. (CASTEL-BRANCO, C., 2014)