Identificação e descrição
Nome do parque/jardim Quinta das Lágrimas
Região Centro
Distrito Coimbra
Concelho Coimbra
Freguesia União das freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas
Data de criação XIV / XIX / XXI
Tipo de proprietários Proprietário privado
Tipo de proprietários Associação ou fundação
Informação de contacto Fundação Inês de CastroRua António Augusto Gonçalves3041-901, CoimbraE-mail: geral@fundacaoinesdecastro.pt
Página web: http://www.fundacaoinesdecastro.com/
Informação de contacto Hotel Quinta das LágrimasRua António Augusto Gonçalves3041-901, CoimbraE-mail: quintadaslagrimas@themahotels
Página web: http://www.quintadaslagrimas.pt/index.php
Página web: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7013
Página web: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73803/
Localização Coordenadas: 40º 11' 53.40''N, 08º 26' 01.41''W
Latitude: 40.1981666666667
Longitude: -8.433725

História

A Quinta das Lágrimas, no início do século XIV, era conhecida como Quinta do Pombal e pertencia a uma ordem monástica, os Cónegos Regrantes de São Agostinho. Com a morte do rei D. Dinis, a Rainha Santa D. Isabel, decide ir viver para um convento situado a cerca de 500 metros desta quinta, o Convento de Santa Clara. A rainha decide aumentar o convento e construir um paço para lá viver e, em 1325 ordena a construção de um canal (mais tarde chamado o Canal dos Amores), que recolhia a água de duas nascentes localizadas na propriedade da Quinta do Pombal e que alimentava o convento e o paço. Estas nascentes são as conhecidas Fonte dos Amores e Fonte das Lágrimas, que foram palco para uma das histórias de amor mais trágicas de Portugal. D. Afonso IV, filho da rainha D. Isabel, proíbe o filho D. Pedro de ver a sua amada Inês de Castro. Sendo assim, Pedro e Inês decidem mudar-se para o paço que pertencera à rainha D. Isabel, para poderem viver pacificamente os dois juntos, porém o rei D. Afonso IV manda matar a nobre em janeiro de 1355. Esta data marca a um início de uma história trágica, D. Pedro, começa uma guerra contra o seu pai e logo que é coroado rei manda matar os assassinos de Inês, coroando-a Rainha de Portugal. Manda também construir um túmulo para cada um lado a lado em Alcobaça. No século XVI, Luís de Camões, na sua obra «Os Lusíadas», descreve a paixão entre Inês e Pedro, tal como o espaço da Quinta do Pombal, que terá visitado. Esta quinta, com as analogias feitas pelo poeta da água e das lágrimas, passa a chamar-se, a partir do século XVI, a Quinta das Lágrimas. A XVII existem documentos que provam a construção de um tanque, este era abastecido por um canal vindo da Fonte das Lágrimas e outro canal mais pequeno. No primeiro quartel do século XIX a quinta é propriedade de D. António Osório Cabral e que vai idealizar grande parte dos jardins. Fica registado a visita do duque de Wellington que contribui com a plantação de duas sequóias e, sugeriu a colocação de uma placa com o poema de Camões, próximo da Fonte das Lágrimas. Durante este século foram feitos vários acrescentos e melhoramentos à casa e concebeu-se um jardim romântico com uma cascata, lagos serpenteantes e espécies exóticas e raras.

Envolvente do jardim

A propriedade está inserida na malha urbana, tendo uma envolvente com um carácter urbano, principalmente a sul, a nascente e a norte. À direita a alguns metros, corre o rio Mondego e a poente é limitada por uma encosta íngreme de calcário, ocupada por vegetação. O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha situa-se a cerca de 500 metros de distãncia a nordeste da quinta.

Descrição do jardim

A Quinta das Lágrimas acolhe uma das histórias de amor mais conhecidas e trágicas de Portugal. À esquerda da propriedade, ao pé do grande maciço de calcário encontra-se uma das fontes mais emblemáticas desta propriedade, a Fonte dos Amores. A água que corre nesta, há mais de 650 anos sem parar, vai deslocar-se pelo Cano dos Amores que ladeia o Jardim Medieval a nordeste da fonte. Este jardim fechado por muros de pedra solta, tem uma fonte medieval de pedra talhada ao centro, de forma hexagonal. Também ao centro e limitado por alegretes, crescem roseiras em espaldares. As restantes plantas pretendem dar um ambiente medieval ao jardim, tendo sido plantadas muitas espécies comestíveis, como era hábito, como alfaces, abóboras, cebolas, entre outras. Ao continuar para nascente, entra-se no Jardim Romântico, este criado no século XIX, uma época em que era passatempo fazer colecção de plantas, podendo encontrar-se neste espaço espécies arbóreas raras e algumas com grandes portes, que criam uma paisagem romântica em conjunto com os lagos serpenteantes. Por este espaço passaram reis e príncipes, tal como o General Wellington e o botânico Brotero. A sul da propriedade Voltando às fontes emblemáticas, ao pé do maciço calcário, onde se ergue uma grande mata, mais a sul que a Fonte dos Amores pode-se encontrar a Fonte das Lágrimas. A água que provém desta é armazenada no Tanque das Lágrimas. Ao avançar pelo jardim para a esquerda pode-se encontrar uma obra já do século XXI de um anfiteatro adaptado à natureza, composto por bancos decompostos e desfasados que brincam com os efeitos de luz e sombra, em contraste com o resto da superfície relvada. Este anfiteatro rodeia um lago com cerca de 18 metros de diâmetro, rematado por pedra grossa, a mesma que foi utilizada no Tanque das Lágrimas. Por fim, a mata que ocupa as encostas íngremes da propriedade e que é composta por exemplares de árvores da colecção do século XIX, tem vários caminhos que a percorrem e que proporcionam vistas privilegiadas sobre o jardim e a cidade de Coimbra. A zona este da propriedade está ocupada com um campo de golfe.

Informação administrativa

Estatuto: Privado

Classificação: IIP - Imóvel de Interesse Público

Instrumento legal: Decreto n.º 129/77 "DR I-Série" n.º 226 (29/09/1977)

(Ver Decreto)

Superfície: cerca de 12 ha

Botanica

Características botânicas notáveis: O pequeno jardim medieval com relva e uma fonte ao centro tem plantado nas leivas, framboesas, morangos, alcachofras, tomilho, lírios e rosas, tal como, cebolas, abóboras, entre outros. Já o jardim romântico apresenta uma coleção do século XIX de árvores raras e algumas ainda mais raras por terem atingido um porte muito grande. Dentro destas espécies pode-se destacar a canforeira, o podocarpus e o ficus. Também neste jardim há um grande bambusal de troncos grossos à volta de um lago. Na mata é possível encontrar grandes exemplares da coleção do século XIX, como Cedros do Líbano, Pinheiros do Alepo, Cedros do Buçaco e Sequoias, conjugado com plantas de porte mais pequeno, como os loureiros, folhados e ligustros.

Principais espécies botânicas presentes: Cercis siliquastrum; Aesculus hipposcastanum; Magnolia x soulangiana; Lagerstroemia indica; Wisteria sinensis; Araucaria heterophylla; Criptomeria japonica; Abies alba; Fagus sylvatica var. sylvatica; Pedocarpus falcatus; Liquidambar styraciflua; Magnolia grandiflora; Butia eriospatha; Araucaria angustifolia; Araucaria bidwilli; Acer pseudoplatanus; Araucaria cunninghami; Cephalotaxus fortunii; Fagus sylvatica var. Purpurea; Liriodendron tulipifera, Cinnamomum camphora; Camelia japonica; Ficus macrophylla, Sequoia sempervirens; Platanus x hispanica; Tilia cordata; Cedrus libani; Cedrus atlantica; Cupressus lusitanica; Cupressus arizonica; Chamaerops humilis; Prunus cerasifera var. atropurpurea; Crataegus monogyna; Citrus limon; Celtis australis; Ginkgo biloba; Schinus mollis; Sophora japonica; Persea americana; Ficus carica; Phoenix canariensis

Fisiografia topográfica

Presença de áreas inundáveis: sim

Presença de lençol freático: sim

Presença de água: muito abundante devido ao substrato calcário e duas fontes naturais, protagonistas na história de amor entre Pedro e Inês.

Pedología

Substrato litológico: substrato calcário

Presença de sistema de rega: sim

Clima

(Dados do Instituro Português do Mar e da Atmosfera)

Tipo de clima: Csb - Clima mediterrânico com verão seco e temperado (Classificação de Koppen)

Temperatura:

- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 28.7 ºC (em julho e agosto); a menos elevada, 14.8 ºC (em janeiro)

- Temperatura média mensal: a mais elevada, 21.9 ºC (em julho e agosto); a menos elevada, 9.9 ºC (em janeiro)

- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 15.6 ºC (em julho); a menos elevada, 5.0 ºC (em janeiro)

- Temperatura média anual: 16.0 ºC

Precipitação: 886.0 mm (precipitação total média anual)

Intrusões cénicas presentes na envolvente

Autoestrada: Não

Estrada: Sim

Via de caminho de ferro: Não

Outras infraestruturas: Sim

Exploração agrícola poluente: Não

Indústria: Não

Central de produção de energia: Não

Fauna: Não

Actividades e eventos

Actividades: Ateliers artísticos

Eventos: Festival das Artes e Ciclo de Conferências "Quintas na Quinta"; realização de casamentos e festas.

Bibliografia

CASTEL-BRANCO, Cristina [et al.].A água nos jardins portugueses. Lisboa: Scribe, 2010

Fundação Inês de Castro. História e Recuperação. [Internet] [Actualizado a 13 jan 2013. Consultado a 15 jan 2014] Disponível em: http://www.fundacaoinesdecastro.com/index.php?option=com_content&view=article&id=16&Itemid=22

SIMÕES, Paula. Quinta das Lágrimas/Quinta do Pombal. [Internet]. Forte de Sacavém: Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, 1999. [Última actualização 2012. Consultado a 15 jan 2014] Disponível em: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7013

CARVALHO, Rosário. Elementos mais representativos existentes na Quinta das Lágrimas. [Internet] IGESPAR [consultado a 15 jan 2014] Disponível em: http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/73803/

Documentos iconográficos

Localização

Carta de Declives

Carta de Exposições Solares

Carta de Bacias Visuais

Características do parque/jardim

Tipologia de jardim : Medieval

Elementos decorativos : Fonte, Canal, Cascata, Tanque, Lago

Elementos vegetais : Árvores notáveis

Estatuto : Privado

Abertura ao público : Bilhete de entrada

WC : sim

Classificado : Imóvel de interesse público