Identificação e descrição | |
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Nome do parque/jardim | Jardim do Palácio de Cristal |
Região | Porto |
Distrito | Porto |
Concelho | Porto |
Freguesia | União das freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos |
Data de criação | XIX |
Tipo de proprietários | Município |
Informação de contacto | R. D. Manuel II4050-378, PortoTel.: +351 225 320 080Fax: +351 225 320 086E-mail: parquesurbanos@cm-porto.pt |
Localização | Coordenadas: 41º 08' 52,56''N, 08º 37' 32,02''W Latitude: 41.1479333333333 Longitude: -8.62556111111111 |
O que havia neste planalto sobre o Douro antes do Palácio de Cristal? Uma vista soberba sobre as últimas curvas do troço do rio, de tal forma que era ali que a Torre da Marca orientava as embarcações de forma a entrarem com segurança na foz do Douro. Era ali também que se tinha construído em 1854 uma capela em memória do Rei Carlos Alberto de Saboia e da Sardenha que, por razões que desconhecemos, em 1849 se veio exilar no Porto ali mesmo ao pé, num socalco da encosta poente na Quinta da Macieirinha, em recatado mas belíssimo ambiente e ali morreu depois de uma vida política conturbada, alimentada pelo sonho que não chegou a ver realizado, de uma Itália unida. A capela foi mandada construir pela sua meia-irmã e ali se encontrava – e encontra – quando se decidiu construir o palácio de Cristal naquele local. A ideia da construção do palácio de Cristal e do seu jardim foi diretamente inspirada pelo sucesso que em Londres e Paris tinham tido as iniciativas que levaram à “invenção” das exposições internacionais, à arquitetura em ferro e vidro que se lhes associou e aos jardins bem equipados e animados que atraíssem a população para o espaço público, para “o buliço e as exterioridades”. O Palácio de Cristal, inaugurado em 1865 com uma grande exposição internacional, construção em metal e vidro que hoje com mágoa já não podemos apreciar. Era o símbolo deste momento alto da história pública da cidade do Porto mas foi destruído em 1951. Em redor do palácio, os jardins adjacentes foram desenhados por Emile David e vejamos o que nos diz sobre ele Sousa Viterbo, na sua “Notícia de alguns jardineiros e horticultores”: “Era alemão e veiu para o Porto em 1865 contractado pela empreza do Palacio de Crystal para dirigir os seus jardins que efectivamente delineou e plantou com muito gosto, revelando o seu apreciavel talento de architecto paizagista. Os seus trabalhos, em que se alliavam aos conhecimentos estheticos os conhecimentos botanicos, marcaram naquella cidade uma nova era para a arte da jardinagem” . Tanto a construção do palácio em vidro e metal como o jardim eram novidade, e a construção deste último foi prosseguindo com a vinda em 1881 do belga Florent Claes, que segundo o mesmo autor tinha sido “encarregado de organizar e dirigir em Paris os jardins que circundavam o Pavilhão do Brasil onde obteve maravilhas, fazendo pela primeira vez florescer ao ar livre naquella cidade varias plantas americanas. Foi quem riscou e dirigiu a construção do lago e linda gruta do Palacio de Crystal no Porto”. O lago encontrava-se no final do jardim, antes da encosta escarpada que cai sobre o Douro, e a gruta vem descrita como sendo uma invenção em cimento com estalactites e rugosidades a imitar a natureza, como era moda por toda Europa. (Castel-Branco, 2014)
O lago que hoje vemos no final do jardim é o sucessor do lago romântico de Claes que foi muito alterado e a gruta também foi destruída para a construção do novo palácio de Cristal. Entramos no jardim pelo parterre de Emilio David, que punha em destaque o Palácio de Cristal inicial - aquele que hoje já não vimos - com canteiros de plantas anuais bem coloridas, as araucárias que chegaram até nós, os lagos e estátuas, os bancos e candeeiros. Passamos depois para a alameda das tílias que hoje dá unidade ao jardim do Palácio de Cristal, com os seus 300m de alinhamento de árvores que cresceram até se tocar copa a copa e de troncos que criam uma perspetiva profunda. A luz refletida do rio Douro vê-se ao fundo, brilhando no final deste longo túnel de sombra e verdura. Do lado direito da alameda, a concha acústica, os lagos em espelho junto ao chão espelham as estátuas de bronze e por baixo da copa das árvores vai aparecendo a vista para o rio Douro muito em baixo, marcando a sua última curva antes da foz. Dali se desce para a Quinta da Macieirinha, hoje Museu do Romantismo, e os muros de suporte em granito sólidos e escuros contrastam com a luz que vem do rio recortando a folhagem das grandes árvores plantadas no século XIX. No final do jardim, 5 palmeiras, Washingtonias, rematam o planalto que é contido por muros atapetados de ficus nana e em socalcos se encontram um restaurante e o roseiral. De traçado eclético e peças decorativas várias, o roseiral prima pela beleza das rosas que lhe dão cor e vida. Pavimentos em calçada fina, escadarias e rampas levam-nos à parte nascente do jardim por onde a alameda dos plátanos, também desenhada por David, mantém a grandiosidade e a boa proporção, criando um ambiente que revela a qualidade deste artista que sabia projetar em espaços exteriores com a durabilidade que um jardim urbano exige e com a satisfação que, através destas árvores bem dispostas, a herança novecentista de Emile David chegou até nós no jardim do Palácio de Cristal. (Castel-Branco, 2014)
Estatuto: Público
Classificação:IIP - Imóvel de Interesse Público
Instrumento legal:
Superfície: cerca de X ha
Principais espécies botânicas presentes: Rosa sp., Washingtonia sp., Ficus nana, Buxus sempervirens, Araucaria sp.
(Dados do Instituro Português do Mar e da Atmosfera)
Tipo de clima: Csb - Clima mediterrânico com verão seco e temperado (Classificação de Koppen)
Temperatura:
- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 25.7 ºC (em agosto); a menos elevada, 13.8 ºC (em janeiro)
- Temperatura média mensal: a mais elevada, 20.8 ºC (em agosto); a menos elevada, 9.5 ºC (em janeiro)
- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 15.9 ºC (em julho e agosto); a menos elevada, 5.2 ºC (em janeiro)
- Temperatura média anual: 15.2 ºC
Precipitação: 1236.8 mm (precipitação total média anual)
CASTEL-BRANCO, Cristina. Jardins de Portugal. Lisboa,CTT, 2014
Sousa Viterbo, A jardinagem em Portugal, Imprensa da Universidade, Coimbra 1906, p.61 e 68
Tipologia de jardim : Roseiral, Eclético
Elementos decorativos : Fonte, Pavilhão, Topiária, Lago, Estátua
Elementos vegetais : Árvores notáveis, Árvores de alinhamento
Estatuto : Público
Abertura ao público : Aberto ao público
Classificado : Não
Mobilidade reduzida : desconhecido