Identificação e descrição | |
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Nome do parque/jardim | Fundação de Serralves |
Região | Porto |
Distrito | Porto |
Concelho | Porto |
Freguesia | União das freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos |
Data de criação | XX |
Tipo de proprietários | Associação ou fundação |
Informação de contacto | Rua Dom João de Castro,2104150-417, PortoTel: +351 226 156 500Fax: +351 226 156 533 |
Página web: www.serralves.pt | |
Página web: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6216 | |
Página web: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6713 | |
Página web: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74212 | |
Localização | Coordenadas: 41º 09' 34,33''N, 08º 39' 33,90''W Latitude: 41.1595361111111 Longitude: -8.65941666666667 |
Enquanto se cria Serralves, nas décadas de 30 e 40, o contexto mundial é instável. A criação artística, em grande fratura com o passado, ecoa esse momento civilizacional, mas o contexto artístico nacional é inesperadamente estabilizado pelo crescer de uma ditadura. Carlos Alberto Cabral, 2º Conde de Vizela, homem culto e viajado, herdeiro de uma próspera família, quer deixar a sua marca através da arquitetura, do jardim e da quinta, como o faziam na altura os barões da indústria e da banca. Para isso contacta com o que em arte se faz de melhor nesse momento no mundo. Em 1925 visita a exposição de Paris e encontra-se com os primórdios do modernismo já em rutura com o movimento das artes decorativas e faz a sua escolha – intuitiva, séria, mas também conveniente para o contexto nacional de uma ditadura - pela estabilidade das artes decorativas. A escolha do arquiteto paisagista Gréber, famoso pelos jardins à la française que desenhara na América para milionários, para projetar os jardins para o Conde de Vizela é a consequência desta escolha. Apesar de ter sido construído no momento em que nos EUA já Garrett Ekbo, Thomas Church e Dan Kiley, prestigiados arquitetos paisagistas nos EUA, tinham inovado com os jardins das residências privadas, esculpindo o terreno em eixos múltiplos, piscinas de formas curvilíneas, estatuária abstrata e uma íntima ligação à casa, o jardim de Serralves, distante destes novos parâmetros, mantém o eixo central à francesa e a formalidade de ligação à casa por terraço, sem alpendre, introduzindo mesmo assim o campo de ténis. Não ocupa por isso o lugar de primeiro jardim modernista em Portugal. Serralves é no entanto – e talvez malgré lui - um importante jardim de transição entre as artes decorativas e o modernismo. (Castel-Branco, 2014)
Urbano, isolado. Insere-se na freguesia de Lordelo do Ouro limitada a Norte pela Avenida da Boavista e a Sul pelo Rio Douro. Implanta-se numa área actualmente muito urbanizada, envolvida a Norte pela Rua de Serralves, de traçado rectilíneo. Para Oeste localiza-se uma zona residencial de luxo e para Sul e Este terrenos completamente ocupados por bairros de habitação social. Destaca-se na envolvente pela grande área verde de jardim e zona agrícola incluídas no Parque. (http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6216)
Serralves, no Porto, “nascida” nos anos 20 do século XX por decisão do Conde de Vizela, nas casas de veraneio de família e em terrenos agrícolas emparcelados numa só quinta de 18hectares. Sente-se, em Serralves, a dimensão das grandes mansões dos milionários americanos, mas a recusa do exibicionismo é (ou era então) uma marca definidora da alma portuguesa e a casa vive discreta atrás dos muros. No eixo, a transição da casa para o jardim, cuidada através de materiais e proporções, é trabalhada de forma a que o diálogo entre o estilo do jardim e o da casa se encontrem em harmonia. Ligações ponderadas e amadurecidas são também as laterais da casa-jardim; hoje um grande relvado fechado por sebes a poente, um bosque irregular que oculta as funções menores de garagens, capoeiras, canis a nascente. Apesar da fachada da casa não ser simétrica, o eixo de simetria é obrigatório para Gréber; esse é o início do seu desenho, a herança segura deixada pelo jardim francês ao mundo e que ele praticou amplamente nos jardins americanos antes de Serralves. O eixo de simetria de Gréber e a fachada rosa da casa são hoje a imagem de marca da Fundação de Serralves. Definido pelo canal de água em degraus, ao longo do qual descem canteiros de flores e buxos topiados em volumes simples e sólidos como a fachada da casa, o eixo termina numa taça art-deco que aí deixa clara a escolha do seu fundador. A entrada no Parque de Serralves faz-se hoje pelo Museu de Arte Moderna, a poente da casa onde funcionavam a antiga horta e o pomar da quinta. A arquitetura de Siza Vieira introduziu nova vida, nova visibilidade e nova função ao conjunto de Serralves e a transição com o parque é de novo um projeto de harmonia edifício-espaço exterior, desenhado por João Gomes da Silva. O sucesso de Serralves mede-se aqui pelo número de visitantes que passam de um espaço de alta qualidade arquitetónica do século XXI, através de uma alameda de enormes liquidâmbares - talvez a peça mais majestosa do conjunto quando no Outono se transformam num túnel de folhas vermelhas - e atingem a casa original e o iluminado eixo de Gréber, sem que nunca do edifício do século XX se veja o do século XXI. O declive do terreno, depois do eixo de água, desce a pique e, ao fundo, sem transição entre os dois espaços, resta um vestígio inesperado do século XIX, o lago naturalizado com uma gruta, uma ilha e uma pequena cascata que nos transportam para o mundo passado do jardim paisagista. A qualidade das grandes árvores, a água e os reflexos verdes em manchas de sol e sombra fazem-nos esquecer qualquer comparação estilística e nas margens do lago, num fim de semana com sol, os poucos bancos enchem-se de visitantes contentes. A seguir a este grande lago, o parque abre-se de repente ao século XXI onde se deu lugar ao grande mundo da “ecologia à vista”. Os campos agrícolas e a quinta autenticamente rural foram mantidos, e vê-se ao longe o assento de lavoura em granito. Sem se saber como, retoma-se o prolongamento do eixo de Gréber; mas de cada lado temos agora prados com bois e burros e hortas rematados por latadas que dão uvas, e nas casas do Mata-sete há palheiros e espigueiros para secar o milho, fornos onde se cozia o pão e se fazia das dádivas da Natureza uma celebração quotidiana da vida, hoje centros de educação científica e ambiental. Este espaço de Serralves iluminado e agrícola, foi preparado para manter a vida rural dentro da cidade e para a celebrar com uma nova estética em que a relação do Homem e da Natureza é mantida e os processos naturais se podem ver, sentir e conhecer. (Castel-Branco, 2014)
Estatuto: Privado
Classificação:IIP - Imóvel de Interesse Público
Instrumento legal: Decreto 2/96, DR, 1ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996 / ZEP, Portaria nº 593/99, DR, 2ª série, n.º 133, de 09 junho 1999
Superfície: cerca de 18ha
Principais espécies botânicas presentes: Cupressus sempervirens, Cupressus lusitanica, Araucaria excelsior, Camelia japónica, Liquidambar styraciflua, Buxus sempervirens
(Dados do Instituro Português do Mar e da Atmosfera)
Tipo de clima: Csb - Clima mediterrânico com verão seco e temperado (Classificação de Koppen)
Temperatura:
- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 25.7 ºC (em agosto); a menos elevada, 13.8 ºC (em janeiro)
- Temperatura média mensal: a mais elevada, 20.8 ºC (em agosto); a menos elevada, 9.5 ºC (em janeiro)
- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 15.9 ºC (em julho e agosto); a menos elevada, 5.2 ºC (em janeiro)
- Temperatura média anual: 15.2 ºC
Precipitação: 1236.8 mm (precipitação total média anual)
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6216
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6713
CASTEL-BRANCO, Cristina. Jardins de Portugal. Lisboa,CTT, 2014
Tipologia de jardim : Hortícola, À francesa/barroco
Elementos decorativos : Fonte
Elementos vegetais : Árvores notáveis
Estatuto : Privado
Abertura ao público : Bilhete de entrada
WC : sim
Classificado : Imóvel de interesse público
Mobilidade reduzida : desconhecido