Os doze hectares da Quinta inicial sobre uma encosta suave desciam realmente até quase à foz do Douro, com áreas de agricultura e de floresta que criavam para qualquer criança um universo completo de felicidade e grande ligação à Natureza. (Castel-Branco, 2014)

Desde que Teresa Andresen, sobrinha de Sophia, escreveu e mostrou com fotografias antigas como se viveu naquela casa, quais eram as árvores e as flores que ela descreve e como estão grandes e vivas, como era a quinta que descia quase até ao mar, quando associou cada lugar à poesia e prosa de Sophia, o jardim passou a valer muito mais. O passeio no jardim é um encontro com o mundo da poetisa, uma emoção a dobrar. O jardim tutelado pela Faculdade de Ciências foi restaurado sob a orientação da Professora Teresa Andresen, como arquiteta paisagista que respeitou e enalteceu a história do lugar. Os pavimentos robustos e a sinalização clara são uma adaptação à abertura permanente ao público. No jardim de Sophia, ficaram os nomes antigos e uma tabuleta associa cada espaço atual ao seu antigo nome ou função; por exemplo Jardim de bolbosas foi o jardim dos Jotas (dos nomes dos Avós de Sophia, João e Joana) talhados em buxo. O bosque é o jardim dos anões, só o roseiral mantém o mesmo nome e continua a florir cada ano com uma invejável coleção de rosas. Na minha memória mantem-se o Carvalho enorme e a sombra que cria à entrada do bosque e vejo sempre a casa dos anões que Sophia descreve junto às raízes, o liquidâmbar com a folhagem de Outono todo encarnado. O roseiral também não se esquece e os “muros de camélias talhadas”, paredes verdes, altas, brilhantes que no meio da bruma e do frio dão flor, deixam na memória o sossego de outros tempos. (Castel-Branco, 2014)