Identificação e descrição | |
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Nome do parque/jardim | Jardim da Sereia |
Região | Centro |
Distrito | Coimbra |
Concelho | Coimbra |
Freguesia | Uniião das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu) |
Data de criação | XVIII / XX |
Tipo de proprietários | Município |
Informação de contacto | Praça da República3000-343, Coimbra |
Página web: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73923/ | |
Página web: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1017 | |
Localização | Coordenadas: 40º 12' 34,05''N, 08º 25' 06,41''W Latitude: 40.2094583333333 Longitude: -8.41844722222222 |
No caso do jardim da Sereia e do jardim da Manga, atualmente a funcionar como jardins públicos, a história é mais antiga e bem diferente da dos jardins nascidos no século XIX para o grande público. Pertenciam estes espaços abertos ao convento de Santa Cruz e, em conjunto com o Claustro do Silêncio, recordam a longa presença dos frades Crúzios e a forma como foram chamando a Coimbra e ao seu cenóbio o interesse de grandes reis de Portugal, desde o século XII. Deste mosteiro erguido em 1131, temos hoje três jardins que podemos visitar: os claustros do Silêncio e da Manga e partes da cerca transformada no Jardim da Sereia. Outros elementos como a igreja de Sta. Cruz, o Café Sta. Cruz, o edifício da Câmara Municipal, os correios e o mercado faziam parte do conjunto do Mosteiro da Santa Cruz. A área construída em redor da igreja passou de um para três claustros com os respetivos edifícios em redor, mas a horta e o cabeço das oliveiras que encantaram D. Tello mantiveram-se intactos de cima abaixo do vale. Durante este longo percurso de nove séculos, alguns monarcas deixaram a sua marca no convento e na cerca. D. Manuel I mandou reconstruir o claustro do Silêncio, na altura já com 400 anos, e decidiu aumentar o convento em redor de um novo claustro: o claustro da Enfermaria ou da Manga que hoje já não conhecemos como claustro. Duzentos anos mais tarde D. João V e Frei Gaspar da Encarnação, confessor de grande influência sobre o Rei, investem na parte superior da cerca, para onde o espaço da encosta lhes permite dimensões necessárias para criar um jardim barroco. A quinta do Mosteiro de Santa Cruz transforma-se então num parque que segue a influência de Versailles. No século XIX as Ordens religiosas são abolidas e a cerca passa a jardim público. Este jardim é um monumento, é uma peça de arte do nosso património histórico que ao contrário dos parques públicos nasceu com uma cerca que o defendia e que protegia os seus tesouros. (Castel-Branco, 2014)
Urbano, isolado, acompanhando o declive do terreno, vedado por sebes e muros que lhe delimitam o espaço. Rodeado pelas novas artérias nascidas pela urbanização da Quinta de Santa Cruz, que desembocam na praça da República, antiga praça de D.Luís, Rua Lourenço Almeida Azevedo, Rua Pedro Monteiro, Rua de Tomar e Rua Garrett. A Este o espaço é marcado pelo edifício do Teatro Académico Gil Vicente, a Oeste a Cadeia Penitenciária de Coimbra (http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1017)
O jardim da Sereia no cimo da cerca, obra encomendada por Frei Gaspar da Encarnação e pago pelo Rei D. João V, introduz as regras europeias do barroco, os eixos de grandes dimensões, as fontes e cascatas de efeitos majestosos, mas troca os elementos decorativos mitológicos que nos jardins barrocos de toda a Europa se usavam pelos temas da religião católica. Se em Versailles o eixo principal do jardim aponta do palácio para a fonte de Latona, em Sta. Cruz dirige-se para a Cascata encimada pela imagem em jaspe de Nossa Senhora da Conceição, tendo de cada lado medalhões em azulejo com a figura dos evangelistas a escrever. A entrada no parque de Sta. Cruz é marcada por um arco triplo muito ornamentado enquadrando a perspetiva profunda do jogo da bola ou da péla. O jogo da péla era um terreiro onde se jogava com um bola em dois campos adversários ao longo do qual havia bancos corridos que, nos caso do Jardim da Sereia, eram decorados com painéis de azulejos. O eixo do jardim termina na grande cascata e divide-se em duas escadarias monumentais com 5 m de largura, totalmente simétricas, que sobem a encosta formando três linhas que se juntam e a que os desenhadores de jardins chamaram pied-de-poule, copiado de França por todas as cortes da Europa, do parque de Caserta em Nápoles ao sublime jardim de Peterhof em S. Petersburgo. A vegetação que existe já não é a mesma e o bosque em redor destes passeios e escadarias é denso e cobre a encosta inclinada. Subimos pela lado direito da cascata para admirar a qualidade desta obra e cada lance de escada termina num patamar com uma fonte ao centro, em concha ou em taça. O corrimão de pedra é ornamentado a cada ângulo por uma pirâmide de pedra. No cimo, a última fonte é um recanto onde uma parede revestida de pedra irregular calcária forma uma gruta com um tritão com barbas abrindo a boca a dois golfinhos e a quem chamaram sereia. Daqui nasceu a irónica designação de Jardim da Sereia. Descendo sobre a nossa direita uma ladeira que em tempos foi coberta por um túnel de loureiros descobrimos o grande lago circular. Esta peça é o ponto vital do jardim porque todo o sistema de repuxos das escadarias e da grande cascata é por ele alimentado. No centro do lago, numa ilha, foi plantada uma laranjeira e em redor do lago plantada uma sebe alta de ciprestes com arcos . Toda esta composição vegetal desapareceu e os bancos que encostavam à sebe de ciprestes flutuam tristes num espaço agora mal resolvido onde se veem ainda os cepos dos ciprestes cortados. A vegetação é um dos pontos que este parque público descurou e que certamente era o enlevo dos frades. À parte os dois pavilhões amansardados da entrada e os bancos que ladeiam o jogo da Bola, ambos recentemente restaurados, o sistema de água, os passeios e a estatuária do jardim da Sereia encontram-se num estado de degradação que se deve sobretudo ao vandalismo noturno. (Castel-Branco, 2014)
Estatuto: Público
Classificação: IIP - Imóvel de Interesse Público
Instrumento legal: Decreto n.º 251/70, DG, I Série, n.º 129, de 3-06-1970
(Dados do Instituro Português do Mar e da Atmosfera)
Tipo de clima: Csb - Clima mediterrânico com verão seco e temperado (Classificação de Koppen)
Temperatura:
- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 28.7 ºC (em julho e agosto); a menos elevada, 14.8 ºC (em janeiro)
- Temperatura média mensal: a mais elevada, 21.9 ºC (em julho e agosto); a menos elevada, 9.9 ºC (em janeiro)
- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 15.6 ºC (em julho); a menos elevada, 5.0 ºC (em janeiro)
- Temperatura média anual: 16.0 ºC
Precipitação: 886.0 mm (precipitação total média anual)
CASTEL-BRANCO, Cristina. Jardins de Portugal. Lisboa,CTT, 2014
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1017
Tipologia de jardim : À francesa/barroco
Elementos decorativos : Cascata, Cascata