Identificação e descrição | |
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Nome do parque/jardim | Casa de Santar |
Região | Centro |
Distrito | Viseu |
Concelho | Nelas |
Freguesia | Santar |
Data de criação | XVII - XX |
Tipo de proprietários | Proprietário privado |
Informação de contacto | Avenida Viscondessa de Taveiro, Casa de Santar3520-127, SantarTel: +351 232 942 937 |
Página web: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3711 | |
Página web: http://casadesantar.com/site/?page_id=2 | |
Localização | Coordenadas: 40º 34' 14,37''N, 07º 53' 28,24''W Latitude: 40.5706583333333 Longitude: -7.89117777777778 |
A história desta quinta começa com o Rei D. Afonso II (1185-1223) regressado vitorioso da batalha de Navas de Tolosa em 12 de Julho de 1212, fixou-se junto ao caminho romano que ligava Seia a Viseu. Desde então, as terras ficaram a ser conhecidas pelo nome de “ Onde o Rei assentou arraiais”, posteriormente Assantar e, por fim Santar, o qual ainda hoje se mantém. Passados alguns anos, o Rei D. Sancho II (1209-1248) elevou a Senhorio e coutou a Quinta do Casal Bom, hoje Casa de Santar, doando-a um dos seus ricos homens que se distinguira em batalha. (Souza, 2011). O morgadio de Santar é provável ter sido instituído no século XVI, (embora não se tenha a certeza) por Francisco e Francisca Pais do Amaral. A capela dedicada a São Francisco de Assis, de 1580 (início do domínio filipino em Portugal), está inserida na parte mais antiga da casa (palacete), onde seriam realizadas 24 missas todos os anos, pelas almas dos fundadores. As obras da capela foram terminadas em 1678, assim como parte do Solar, pelo filho, o Licenciado António Pais do Amaral. Nesta altura, a casa de Santar já teria uma dimensão razoável, já existindo vinhas. A Casa de Santar é deixada por António Pais do Amaral à sua sobrinha, Maria do Amaral, que casou com Francisco Lucas de Mello, Sargento-Mor de Castelo Branco e Viseu, introduzindo deste modo o Brasão Mello na Família de então. (Souza, 2011). A parte com mais importância é do século XVIII (cerca de 1740). Os primeiros arranjos artísticos da quinta murada pensam-se serem da segunda metade do século XVIII, situando-se na zona traseira da casa. Na cozinha da casa existe uma fonte (Fonte da Cozinha) e uma pequena e estreita entrada para a mina. Na parte térrea da casa existia uma zona de cavalariças para os cavalos e coches, que eram utilizados no dia-a-dia da família. Esta parte da casa, fora anteriormente um pequeno teatro somente para o uso da família; nessa altura em vez do portão por onde entravam os cavalos e coche, existira sim, uma janela com a mesma arquitectura do resto da casa. Neste momento, esta parte da casa dá lugar a um pequeno museu da Quinta, onde estão expostos os coches da Família. (Araújo, 1962; Souza, 2011). Pela fotografia aérea observada de 1958 da proriedade, existia um olival, onde agora se encontra parte da vinha (exterior ao jardim). Consegue-se notar tal diferença se se observar a fotografia aérea de 1958 em comparação com a de 1982, onde já não existe o tal olival e sim uma extensa vinha. Actualmente a proprietária da quinta de Santar é D. Tereza de Lencastre de Mello, Condessa de Santar, Condessa de Magalhães e Viscondessa de Taveiro casada com o já falecido D. José Luiz d´Andrade de Vasconcellos e Souza, Marquez de Santa Iria, Conde de Sabugal e Óbidos, Conde de Palma, Meirinho Mor do Reino com Honra de Parentes da Casa Real. (Souza, 2011)
Santar situa-se num cabeço, limitado a Norte pelo Rio Dão e a Sul pelo Rio Mondego, sendo a propriedade atravessada pelo ribeiro do Cagavaio.
A quinta tem uma forma quase rectangular e está dividida em vários patamares ou terraços. As cotas dos terraços são sucessivamente mais baixas, à medida que o deslocamento é feito da casa para Nascente. Os restantes terraços, estão divididos em canteiros cercados de buxo incrivelmente bem topiado, formando uma composição dependente de um eixo central longitudinal, onde no último terraço nos deparamos com um pequeno bosque, assim como com uma fonte e um pequeno lago. Antes das últimas alterações de culturas nos terraços, eram cultivadas fruteiras e hortaliças nesses mesmos terraços, excluindo o primeiro (terraço da casa). (Araújo, 1962). No primeiro terraço encontra-se um jardim de buxo integrando um labirinto de flores (roseiras), com elementos de água e estatuetas, feito no século XX; anteriormente deve ter constituído um grande terreiro. Neste primeiro terraço, existe um portão que comunica com o exterior da quinta, onde passa a estrada romana. Ao lado no portão está uma nora em granito e um mirante sobre a quinta, com rosas e uma cameleira. É através de uma rampa que é possível subir até a este mirante, que em 1947 era ensombrado por intensa vegetação (árvores), como podemos ver pela fotografia aérea dessa data. Em relação ao poço é possível dizer que é chamado Poço da Misericórdia, é em granito e no século XVII a sua mecanização era feita em madeira, no entanto mais tarde, passou a ser feita em ferro. É possível que seja um dos poucos poços deste género nas quintas do norte do país, pois este tipo de poço é mais utilizado nas quintas do sul. (Araújo, 1962; Souza, 2011). O segundo patamar está divido em duas zonas mais ou menos simétricas, onde numa das parte existe um fértil relvado e na outra zona existe uma piscina construída já no século XX, entre 1958 e 1982 como é possível ver pela diferença entre ambas as fotografias aéreas destas datas. Ambas as zonas estão rematadas com os centenários buxos, que se multiplicam pelo jardim. No terceiro patamar existem diversas rosas de cores diferentes; cores essas que correspondem às cores do Brasão: rosa, rosas escuro (variedade ‘bella portuguesa’), amarelo e branco. Em relação à rega deste terceiro patamar, esta era feita anteriormente por meio de pequenas caleiras, que por gravidade percorriam todo o buxo, alimentando a vegetação aí existente. Em cada canto dos rectângulos de buxo existia um género de pequeno deposito para a água que escorria por gravidade; em cada canto esquerdo dos rectângulos de buxo existia um género de sumidouro, com a mesma forma dos “pequenos depósitos”. (Araújo, 1962). No quarto patamar existe neste momento a vinha, onde antes existia a horta. O quinto patamar dá lugar a um maravilhoso lago barroco, com intensa vegetação envolvente; neste patamar existe ainda uma pequena fonte, a Fonte dos Amores, que alimenta o lago. O terraço central é separado do anterior por um muro em balaustrada separada a meio por escadas que ligam dois terraços. Ao lado existe uma grande fonte (fonte dos cavalos) com tanque de água, decorada com o brasão da Família ao centro, sobre a qual existe uma máscara grotesca lançando água para um bebedouro em pedra granítica. De ambos os lados da bica encontram-se arcos, onde se encaixam ao todo quatro painéis em azulejo, com figuras equestres, de 1790. Estes painéis em azulejos são da autoria de José Maria Pereira do Cão, sendo idênticos aos painéis existentes no Palácio Marquês de Fronteira. (Araújo, 1962). No final da quinta existe o pátio agrícola, com imponentes adegas e cavalariças que se integram lindamente no conjunto arquitectónico da propriedade. Perto das adegas existe um pequeno edifício (antiga padaria e queijaria), que outrora servia a quinta; actualmente está a ser transformada em pequena adega para provas dos vinhos da quinta. (Souza, 2011).
Estatuto: Privado
Classificação: Imóvel de Interesse Público
Superfície: 245ha
Características botânicas notáveis:
Principais espécies botânicas presentes: Acanthus mollis, Agapanthus praecox, Bergenia cordifólia, Nasturtium officinalis, Nymphaea alba, Aloe sp, Buxus sempervirens, Buxus semp. Var. nana, Callistemon viminalis, Camelia sp, Euonymus japonicus, Euonymus sp, Hibiscus syriacus, Hydrangea macrophylla, Ilex aquifolium, Ilex aquifolium var. variegata, Iris pseudacorus, Laurus nobilis, Lavandula dentata, Parthenocissus quinquefolia, Prunus laurocerasos, Pyracantha sp, Rhododendron sp, Rosa sp, Rosa sp var. bella portuguesa, Vitis vinífera sp, Acer pseudoplatanus, Aesculus hippocastanum, Acer liquidâmbar, Citrus limon, Eriobotrya japónica, Fraxinus angustifólia, Juglans nigra, Magnolia grandiflora, Platanus x hybrida, Prunus cerasifera, Prunus cerasifera var. pissardii, Prunus lusitânica, Tilia tomentosa, Ulmus sp
Cotas altimétricas: 400 a 450m
(Dados do Instituro Português do Mar e da Atmosfera)
Tipo de clima: Csb - Clima mediterrânico com verão seco e temperado (Classificação de Koppen)
Temperatura:
- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 29.6 ºC (em julho e agosto); a menos elevada, 11.9 ºC (em janeiro)
- Temperatura média mensal: a mais elevada, 21.7 ºC (em julho); a menos elevada, 7.1 ºC (em janeiro)
- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 13.8 ºC (em julho); a menos elevada, 2.2 ºC (em janeiro)
- Temperatura média anual: 14 ºC
Precipitação: 1198.5 mm (precipitação total média anual)
Araújo, I. A. (1962). Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. lisboa.
Castel-Branco, D. C. (2002). Jardins com História - Poesia atrás de muros. Lisboa: Edições Inapa.
Eusébio, M. d., & Marques, J. A. (2005). Arqueologia e Arte no Concelho de Nelas. Nelas.
Monteiro, E. C. (2011, Março 23). Casa de Santar. (D. Pires, I. Antunes, & A. C. Inácio, Interviewers)
Pinto, A. L., Meireles, F., & Cambotas, M. C. (2002). Caderno de História da Arte - 9. Porto: Porto Editora.
Pinto, A. L., Meireles, F., & Cambotas, M. C. (2002). Caderno de Hostória da arte - 6. Porto: Porto Editora.
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Souza, E. P. (2011). Casa de Santar. Santar, Viseu, Portugal.
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Vaz, M. J. (2008). Nelas, Património Arqueológico. Nelas.
Vaz, M. J. (2008). Património Arquitectónico pelo Concelho de Nelas. Nelas: Câmara Municipal de Nelas.
Elementos decorativos : Topiária, Lago, Fonte
Elementos vegetais : Arbustos, Arvores, Arvores
Estatuto : Privado
Abertura ao público : Não visitável
Classificado : Imóvel de interesse público
Mobilidade reduzida : desconhecido