Identificação e descrição
Nome do parque/jardim Jardim Botânico de Coimbra
Região Centro
Distrito Coimbra
Concelho Coimbra
Freguesia Uniião das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
Data de criação XVIII
Tipo de proprietários Estado
Informação de contacto Calçada Martim de Freitas3000-393, CoimbraTel: +351 239 855 233Tel: +351 239 855 211E-mail: jardim.botanico@uc.pt
Página web: http://www.uc.pt/jardimbotanico/
Página web: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73924/
Página web: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2597
Localização Coordenadas: 40º 12' 20,85''N, 08º 25' 17,16''W
Latitude: 40.2057916666667
Longitude: -8.42143333333333

História

O Jardim Botânico de Coimbra foi criado no século XVIII para nele se estudar o mundo das plantas. É um jardim onde se dispuseram sistematicamente as plantas de Portugal e as exóticas, seguindo o Sistema de Lineu, plantando-as por famílias e espécies, como um mostruário vivo para os professores poderem passar a sabedoria das plantas aos alunos da História Natural e de Medicina. É tradição dizer-se que o Jardim Botânico de Coimbra foi projetado por Vandelli. Uma análise mais aprofundada mostra, no entanto, que o Jardim que vimos hoje já nada tem a ver com Vandelli e foi sendo feito pelos sucessivos diretores. O projeto (c. 1773) deste professor de História Natural vindo de Pádua e do Prof. Della Bella foi chumbado pelo Marquês de Pombal por excesso de luxo e para evitar o tipo de gastos que o mesmo Professor fizera no Jardim Botânico da Ajuda. O projeto, mantido no arquivo do Instituto Botânico, é uma cópia do jardim de Pádua, donde viera Vandelli. Não foi feita nenhuma adaptação ao terreno e o Marquês de Pombal não deixou passar. A proposta de Vandelli ficou assim reduzida a um terraço a que se chamou o Quadrado, na encosta da cerca do convento Beneditino onde se instalara a Universidade por altura da reforma Pombalina. Deste projeto restam os muros de suporte, mas o espaço foi totalmente remodelado, correspondendo hoje ao tabuleiro mais largo com fontanário central e canteiros em arco, desenhados na altura do diretor do jardim Prof. Abílio Fernandes, diretor de 1942 a 1974. Brotero foi diretor do jardim de 1791 a 1811 e encontra-se também no arquivo uma planta do jardim botânico, que segue as instruções de contenção do Marquês, e que foi mandada desenhar sob orientação de Félix Avelar Brotero. Este sim foi o primeiro impulsionador da maior parte do jardim botânico construído e plantado para o ensino da Botânica na Universidade de Coimbra. Quando Brotero, vindo de França, entra para o ensino da primeira cadeira de Botânica, o Reitor Castro pede-lhe que juntamente com a regência da cadeira se aplique na melhoria e aumento do Jardim Philosofico e Brotero irá aqui empenhar-se com todo o saber que reunira e a forma de ensino a que presenciara no Jardin des Plantes, podendo dar aulas práticas no próprio Jardim. O modelo que Brotero seguiu para a construção do Jardim é inspirado no trabalho do seu colega Lamark, responsável pelo Jardin des Plantes, mas foi inteligentemente adaptado ao terreno de Coimbra. Brotero dá uma dimensão europeia ao jardim introduzindo as novidades que conheceu na Europa durante a década que passou em Paris; para ele os jardins botânicos são um terreno no qual se obtêm dados para várias áreas do conhecimento, para o desenvolvimento da economia e para o aprofundamento do conhecimento do mundo natural. Foi este o primeiro destino do jardim que hoje se estende por 4,5 ha de traçado geométrico e 9 hectares de terreno mais natural e sem terraços, que desce da altura da Universidade até à margem do Mondego. Apesar das 3000 espécies que Brotero juntou neste jardim já não existirem hoje em grande parte, o traçado é bom, a rega foi pensada e assegurada por minas que levavam a água até ao jardim (hoje em parte cortadas), a colina foi organizada em terraços com a melhor exposição ao sol. Entre 2008 e 2010, com o apoio do programa europeu EEAgrant, o sistema hidráulico do jardim foi restaurado tendo-se ativado as minas e armazenado água numa cisterna existente que alimenta agora uma rede de rega nos canteiros das “escolas sistemáticas” . A coleção Broteriana da Flora Portuguesa pode voltar ao seu lugar no jardim Botânico de Coimbra. Durante a direção de Brotero o aumento da área a ser regada exigia mais água e que esta fosse distribuída por todos os novos terraços. No desenho de Brotero para o jardim, uma série de tanques de traçado simples servem de reservatório no centro dos canteiros, aproveitando os desníveis para repuxos e passando os excedentes de uns patamares para os outros, de forma a assegurar a rega em todos as novas áreas do jardim. No século XIX Júlio Henriques melhora o sistema de águas, e no século XX Abílio Fernandes manda construir a estufa fria na qual um criativo sistema de água faz pingar uma parede rochosa de fetos e cai num pequeno rio. No Centro do quadrado é colocada uma fonte durante a direção deste professor e várias melhorias, hoje invisíveis, são feitas em todo o sistema de canalizações. A coleção do jardim não estaria completa sem as plantas exóticas que exigem temperaturas e humidade altas. Diz-nos Brotero que, segundo Lamark, o terceiro elemento dum jardim botânico é constituído por “duas estufas, uma de calor brando, outra de calor forte estas estufas são indispensáveis porque sem elas não é possível conservar muitos vegetais preciosos.” Mas a adoção das regras de Lamark não é uma cópia cega feita por Brotero. Pelo contrário, a cada elemento é atribuído um comentário de bom-senso para o adaptar à realidade do sítio e ao clima totalmente diferente do que encontramos no Jardin des Plantes. É então criada uma estufa temperada, o suficiente para poupar da geada as plantas vindas de climas mais quentes. A estufa que Brotero idealizou era pequena e não durou muito, e a estufa que hoje vimos à direita da grande escadaria é um belo exemplar da arquitetura do ferro de meados do Séc. XIX, proposta durante a direção do Dr. António Rodrigues Vidal (1835-1855) e com projeto atribuído ao Eng. Pezerat. (Castel-Branco, 2014)

Envolvente do jardim

Urbano.

Descrição do jardim

No tabuleiro mais largo com fontanário central e canteiros em arco da Universidade de Coimbra, desenhados na altura do diretor do jardim Prof. Abílio Fernandes, diretor de 1942 a 1974, encontram-se hoje as faias (Fagus sylvatica) de extraordinária cor cobre tornam a luz da tarde dourada e dominam todo o espaço. Ao introduzir este novo arranjo, agora em plena maturação, o diretor respeitou 3 árvores que haviam sido plantadas por Brotero na altura da sua intervenção no Quadrado: a Cunninghamia sinensis, (caída no furacão de 19 de Janeiro de 2013), a Cryptomeria japonica e a Erythrina crista-galli que por essa razão surgem a meio dos caminhos, dando-lhe uma graça adicional e relembrando a história botânica do jardim. Das descrições de Brotero sobre a forma de preparar um jardim confirmamos ainda no terreno algumas partes e o resultado de um jardim bem planeado mesmo quando 240 anos lhe passaram por cima. Os tabuleiros que hoje vimos quando entramos na porta central de jardim, são preenchidos por canteiros longitudinais ladeados de buxo. As alamedas formam hoje uma das mais extraordinárias peças do jardim: a alameda de tílias, larga e rematando o eixo principal do jardim que termina a sul no portão das Ursulinas. A passagem do tabuleiro superior para o inferior foi resolvida com um arco e portão que ainda hoje dão acesso a uma escada de lances simétricos e onde numa inscrição em latim, se lê “Maria Aug. Pai.Largiss.Scient. fautrix clemss.Lus.mater Florae. Cer. Et Pomonae Ob. Philos.Et. Artes P.I. AN.A. CH. N. MDCCXCI” o que nos dá a data de entrada em serviço de Brotero como Diretor do Jardim, fazendo também uma homenagem à rainha D. Maria I que tanto o protegeu. Por baixo do arco e no intervalo entre os dois lances de escadas há a entrada na mina de água que se ligou ao sistema de minas canalizadas pelos Beneditinos para a sua cerca. A estufa é constituída por três corpos e a sua altura e dimensões constituem um elemento forte do jardim No patamar abaixo foi plantada um Ficus macrophylla que se agigantou e atingiu a altura da estufa, criando com ela um volume contrastado entre o verde abrilhantado das folhas do ficus e a brancura dos vidros da estufa . A sul da estufa foi plantado um jacarandá e construída uma pequena estufa quente. Graças ao cuidado da curadora todos os anos se pode ver o milagre da Vitoria amazónica. Um enorme nenúfar que se reproduz através de um inseto que a poliniza durante um curtíssimo intervalo de tempo e ao longo dos seus quatro meses de crescimento a Vitoria passa de um pequeno ponto de centímetros a um tabuleiro redondo com cerca de 5m de diâmetro que flutua sobre a água. O jardim tem os seus 13,5 hectares a terminar junto às margens do Mondego, por onde no passado chegavam as remessas de plantas. Desce-se da estufa-fria pelo bambuzal de Phyllostachys bambusoides, que parece fazer música quando o vento o balança, e escondida no meio deste ambiente oriental encontra-se a capela de S. Bento abobadada e coberta de musgo. É do miradouro que se vê a ligação do jardim ao Mondego com as margens recentemente ajardinadas pelo Parque Verde, e a ponte que liga à outra margem. Para lá chegarmos passa-se por baixo do eucaliptal que junta 50 espécies de Eucalyptus, e o cheiro é fresco e suave ao longo de toda a subida. Pelo caminho ainda há bancos e este era o ambiente perfeito para os cantados “amores dos estudantes”. Ao longo da Av. Júlio Henriques o jardim é cercado por um gradeamento solene e grandioso que permite ver o tabuleiro superior do jardim plantado de enormes árvores centenárias: Gingko biloba, Sequoia sempervirens, taxodium distichum e muitas outras espécies que atingiram portes gigantes. Um portão monumental dá entrada no jardim e apresenta a estátua de Brotero, esculpida em 1887 por Soares dos Reis e paga por uma cotização geral dos admiradores do grande Botânico. (Castel-Branco, 2014)

Informação administrativa

Estatuto: Público

Classificação: IIP - Imóvel de Interesse Público

Instrumento legal: Decreto n.º 2/96, DR, I Série-B, n.º 56, de 6-03-1996

(Ver Decreto)

Superfície: cerca de 4,5 ha

Botanica

Principais espécies botânicas presentes: Gingko biloba, Sequoia sempervirens, Taxodium distichum, Eucalyptus sp., Ficus macrophylla, Fagus sylvatica, Cunninghamia sinensis, Cryptomeria japónica, Erythrina crista-galli, Jacaranda mimosifolia, Phyllostachys bambusoides

Clima

(Dados do Instituro Português do Mar e da Atmosfera)

Tipo de clima: Csb - Clima mediterrânico com verão seco e temperado (Classificação de Koppen)

Temperatura:

- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 28.7 ºC (em julho e agosto); a menos elevada, 14.8 ºC (em janeiro)

- Temperatura média mensal: a mais elevada, 21.9 ºC (em julho e agosto); a menos elevada, 9.9 ºC (em janeiro)

- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 15.6 ºC (em julho); a menos elevada, 5.0 ºC (em janeiro)

- Temperatura média anual: 16.0 ºC

Precipitação: 886.0 mm (precipitação total média anual)

Documentos iconográficos

Características do parque/jardim

Tipologia de jardim : Botânico

Elementos decorativos : Topiária

Elementos vegetais : Árvores notáveis, Arbustos, Arbustos, Cactos e plantas suculentas

Estatuto : Público

Abertura ao público : Aberto ao público

Classificado : Imóvel de interesse público

Mobilidade reduzida : desconhecido