Inventário de jardins e paisagens em Portugal

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Identificação e descrição

Nome do parque/jardim	Jardim Duque da Terceira
Região	Açores
Distrito	Terceira
Concelho	Angra do Heroísmo
Freguesia	Sé
Data de criação	XIX / XX
Tipo de proprietários	Município
Informação de contacto	Rua Direita9700-157 Angra do HeroísmoTlf: +351 295 401 700 (Câmara Municipal de Angra do Heroísmo)Fax: 295 401 701E-mail: angra@cmah.pt
	Página web: http://www.cmah.pt/visitantes/lazer/ver.php?id=27
	Página web: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=32402
	Página web: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=15933
	Página web: http://whc.unesco.org/en/list/206
Localização	Coordenadas: 38°39'24.8"N, 27°13'07.4"W Latitude: 38.6568833333333 Longitude: -27.2187138888889

Abstract

This typical late 19th century urban garden is almost a vertical garden in half of its length and includes water mills from the 16th century. The lower terrace, in front of the Jesuit’ church square, has a bandstand and a decorative lake, and displays a formal flower garden. The upper terrace has a more irregular layout, winding streets and dense vegetation. The Duque da Terceira Garden extends from the top of the hill of the old São Luís’ castle to the memorial of D. Pedro IV, the first emperor of Brazil. An interesting green house is now a coffee shop.

História

O Jardim Duque da Terceira localiza-se nos antigos terrenos que pertenceram ao convento dos Jesuítas e antiga cerca do Convento de São Francisco (actual museu de Angra). Em 1862, o governador civil Jácome Bruges propõe à Câmara a compra do “Sítio Fagundes” para a criação de um jardim experimental para desenvolvimento agrícola. Em 1882, a Câmara de Angra adquire a propriedade sendo sub-arrendada ao Conselho Agrícola Distrital com a obrigação de afectar uma parte a ajardinamento. Ali estabelece, na parte restante, campos experimentais de floricultura, fruticultura, horticultura, culturas cerealíferas e viticultura. Desde 1882 que a construção do jardim coube ao agrónomo belga Francisco José Gabriel, que se radicou desenhar a zona do “Jardim de Baixo” e chefiar nos primeiros anos o andamento dos trabalhos. Através de contactos com a ilha de São Miguel e facilidades junto das principais casas de fornecimento de plantas em Paris e Bélgica, conseguiu reunir um conjunto de plantas ornamentais. No início de 1882, é o próprio Governador Civil do Distrito, Afonso de Castro, que lembra a Câmara Municipal da necessidade de ser construído o já falado passeio público, mas só em 1888 é que este local de experimentação e de aclimatização de culturas passa a denominar-se “Passeio Duque da Terceira”. Iniciam-se melhoramentos no jardim com a introdução do coreto em 1897 e a abertura da Passagem Silva Sarmento, que liga o jardim ao Alto da Memória, onde foi erigido, entre 1845 e 1856, o obelisco em homenagem a D. Pedro IV, celebrando a campanha liberal liderada pelo Duque de Bragança. A partir de 1901, com o final do prazo de arrendamento, a Câmara iniciou melhoramentos, ocupando os antigos espaços destinados às experiências agrícolas, afirmando-se a actividade principal como espaço de recreio (Albergaria, 2005).

Envolvente do jardim

Localiza-se no centro histórico da cidade com acessos pela Rua do Marquês, Ladeira de São Francisco e Largo da Memória. Confina a nascente com o actual Museu de Angra (antigo convento de São Francisco) e junto à entrada poente (Rua do Marquês) com a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. A Noroeste o jardim é limitado por áreas agrícolas (Albergaria, 2005).

Descrição do jardim

O Jardim Duque da Terceira é típico de finais de Oitocentos, com três entradas a partir do centro da urbe, tornando-se facilmente acessível para as muitas dezenas de pessoas que o visitam diariamente, seja para usufruir do espaço, para conhecer a biodiversidade do local, para os pais que trazem os filhos ao parque infantil, para assistirem à realização de eventos, ou ainda aqueles que utilizam o jardim como forma de atalhar caminho na sua descida para a cidade. O jardim estrutura-se em andares ao longo da colina do castelo de São Luís, tendo a parte baixa um desenho mais formal, com canteiros de flores e lagos intercalando passeios largos, um quiosque, um coreto, um caramanchão com fonte adossada à parede e alguns elementos arbóreos incluindo palmeiras exóticas. A zona mais baixa, plana, caracteriza-se pelas roseiras, corpos de água geometricamente dispostos, arbustos topiados, relvados a marginar lagos, canteiros de flores e a “Glorieta a Garret” (busto em mármore celebrando o poeta Almeida Garrett que viveu em Angra). A zona alta é caracterizada pelo traçado irregular, ruas sinuosas com caminho calcetado em rampa, degraus ladeados por muros de pedra pintados de branco e vegetação densa. Situado numa plataforma intermédia fica o pátio dos azulejos com banquetas e encosto decorado com dois nichos e quatro painéis azulejados com cenas do “Filho Pródigo” (fabrico c. 1740). Um pouco mais acima, uma antiga estufa, agora em desuso, onde se previa (2011) reconverter para casa-de-chá. O 'Tanque do Preto' pertencia à antiga cerca franciscana: teria funções de rega e é enquadrado por Tílias destacando-se a peça decorativa – uma figura híbrida misto de preto e índio do Brasil. No cimo do jardim, ergue-se o obelisco em homenagem a D. Pedro IV. O jardim é dotado com mesas e bancos distribuidos pelos percursos e sitios de estar e uma tela para projecção de filmes. O valor do património vegetal deste jardim justifica-se pela significativa diversidade que possui - com cerca de 180 diferentes espécies arbustivas e arbóreas, maioritariamente identificadas -, e pelo número de exemplares (Barcelos, 2012; Albergaria, 2005).

Informação administrativa

Estatuto: Público

Classificação: Nenhuma classificação. Localiza-se na cidade de Angra do Heroísmo, classificada como Património Mundial.

Instrumento legal: UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION CONVENTION CONCERNING THE PROTECTION OF THE WORLD CULTURAL AND NATURAL HERITAGE World Heritage Committee Seventh Ordinary Session Florence (Italy), 5-9 December 1983 REPORT OF THE RAPPORTEUR

(Ver Decreto)

Superfície:1,7 ha

Botanica

Características botânicas notáveis: Árvores centenárias e de grande porte - Araucaria heterophylla, Chorisia speciosa, Eucalyptus citriodora, Liriodendron tulipifera, Magnolia grandiflora, Magnolia x soulangeana e Metrosideros excelsa. Dracaena draco, espécie endémica cuja rara seiva avermelhada (após oxidação) gerou uma lenda com a figura mítica do dragão, tendo sido utilizada para múltiplos fins lucrativos, entre os quais a tinturaria. Archontophoenix cunninghamiana, Ginkgo biloba, Cinnamomum camphora, Coffea arabica, Laurus nobilis, Persea indica (endémica da macaronésia) Strelitzia nicolai, e Tilia tomentosa

Principais espécies botânicas presentes:Abelia x grandiflora, Acalypha wilkesiana, Acer truncatum, Agave sp., Aloe sp., Ananas comosus, Arundinaria japonica, Asparagus sp., Aucuba japonica, Azalea indica, Bambusa vulgaris, Bauhinia variegata, Brachychiton sp., Camellia japonica, Canna sp., Cedrus atlantica, Celtis australis, Ceratonia siliqua, Cestrum sp., Chaenomeles speciosa, Cordyline australis, Cortaderia selloana, Corynocarpus laevigatus, Cupressus sempervirens, Cyathea cooperi, Cycas revoluta, Dypsis lutescens, Erytrina sp., Eucalyptus sp., Euphorbia sp., Ficus sp., Grevillea sp., Howea forsteriana, Hylocereus undatus, Jacaranda mimosifolia, Lagerstroemia indica, Leptospermum scoparium, Livistona chinensis, Magnolia sp., Melia azedarach, Michelia figo, Monstera deliciosa, Morus alba, Persea sp., Phoenix sp., Phytolacca dioica, Platanus x hybrida, Plumeria rubra, Podocarpus macrophyllus, Prunus cerasifera, Populus nigra, Quercus robur, Rhododendron sp., Robinia hispida, Schinus molle, Senecio petasitis, Spathodea campanulata, Strelitzia nicolai, Syagrus romanzoffiana, Thujopsis dolobrata, Trachycarpus fortunei, Washingtonia filifera, Yucca gloriosa, Zamia furfuracea

Fisiografia topográfica

Cotas altimétricas: de 28m a 66m

Pedología

Tipo de solo: solos de origem vulcânica do tipo Solos Pardos e Andossolos

Clima

(Dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera - Normais Climatológicas 1981-2010, Angra do Heroísmo)

Tipo de clima: Csb clima temperado com verão seco e suave (Classificação de Koppen)

Temperatura:

- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 25.1 ºC (em agosto); a menos elevada, 16.1 ºC (em fevereiro)

- Temperatura média mensal: a mais elevada, 22.2 ºC (em agosto); a menos elevada, 13.8 ºC (em fevereiro)

- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 19.1 ºC (em agosto); a menos elevada, 11.5 ºC (em fevereiro)

- Temperatura média anual: 17.2 ºC

Precipitação: 1099 mm (precipitação total média anual)

Intrusões cénicas presentes na envolvente

Autoestrada:não

Estrada:não

Via de caminho de ferro: não

Outras infraestruturas: não

Exploração agrícola poluente: não

Indústria: não

Central de produção de energia: não

Fauna: não

Actividades e eventos

Actividades: Cinema ao ar livre (entre julho e agosto).

Eventos: Eventos culturais no âmbito do "Angra em Festa" - concertos jazz, mostra e venda artesanato;
Decorações no jardim para assinalar dias comemorativos: Natal, Carnaval, Páscoa, 25 de Abril, 1º de Maio, Dia de Portugal, Dia Mundial da Fotografia, Halloween/ Pão por Deus. Podem ser consultados em:http://www.cmah.pt/; ou https://ama.cmah.pt/

Bibliografia

ALBERGARIA, Isabel Soares. Parques e Jardins dos Açores Lisboa: Argumentum,2005

ALBERGARIA, Isabel S., PORTEIRO, João. A dimensão cultural das paisagens dos Açores. O contributo dos jardins históricos para a afirmação do turismo sustentável na Região, XV Coloquio Ibérico de Geografía. Retos y tendencias de la Geografía Ibérica. Murcia, 2016.

BARCELOS, Paulo J. M. Jardim Duque da Terceira. [Internet]. Governo dos Açores - Direção Regional do Ambiente: Sentir e Interpretar o Ambiente dos Açores (siaram), 2012. [Consultado a 13 jan 2015] Disponível em: <http://siaram.azores.gov.pt/patrimonio-cultural/Jardins-dos-Acores/Jardim-Duque-Terceira/Jardim-Duque-Terceira.pdf>

RIBEIRO, Maria Manuel Velasquez. Jardim Publico Duque da terceira: espaço de representações e memórias (a propósito dos seus 120 anos). Atlântida, XlVII, 113-122, 2002.