Inventário de jardins e paisagens em Portugal

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Identificação e descrição

Nome do parque/jardim	Parque Terra Nostra
Região	Açores
Distrito	S. Miguel - Açores
Concelho	Povoação
Freguesia	Furnas
Data de criação	XVIII / XIX / XX
Tipo de proprietários	Proprietário privado
Informação de contacto	Rua Padre José Jacinto Botelho nº59675-061 FurnasTlf: +351 296 549 090Fax: +351 296 549 099E-mail: terra.nostra@bensaude.pt
	Página web: http://www.parqueterranostra.com/
	Página web: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=29076
Localização	Coordenadas: 37°46'16.4"N, 25°18'52.2"W Latitude: 37.771219 Longitude: -25.314505
Originação	Autor: Isabel Albergaria

Abstract

The Terra Nostra Park is the most famous Azorean garden. This parkland has been perfectly maintained and is a must-see for a number of reasons: a large thermal water tank, surrounded by a ring of tall Araucarias, invites you to a relaxing and unusual bathing. If visitors adventure themselves through the 12-hectare grounds they will find amazing botanical collections – the Camellia Collection, the Cycadales Collection, the Fern Collection, the Bromeliaceae Garden, the Azorean Endemic and Native Flora Garden, the Vireya Garden, among other themed gardens -, along with lakes and grottoes of the 19th century.

História

A história do Parque Terra Nostra está intimamente ligada à evolução da aldeia das Furnas como centro termal e estância de veraneio. Por volta de 1782, Thomas Hickling (natural de Boston e residente em Ponta Delgada) comprou uma propriedade com cerca de 1,6 hectares nas Furnas e construiu uma casa simples que ficou conhecida por Yankee Hall, usando-a como casa de férias até à data da sua morte em 1834. Em frente à casa construiu um grande tanque de recreio com uma ilha no meio, onde costumava passear de barco e pescar, e em volta um pequeno bosque. Hickling transformou o seu jardim praticamente num parque público. Segundo Isabel Albergaria (1) os hábitos hospitaleiros de Hickling vêm na linha do pensamento de uma América democrática, evocando espaços comuns como o Boston Common: os visitantes que chegavam às Furnas para ver a lagoa e as nascentes de água quente eram acolhidos em casa de Hickling e vinham remar e pescar no tanque. Em 1848, a propriedade foi comprada pelo Visconde da Praia, que construiu a atual casa do Parque, em 1854, no lugar da Yankee Hall. O parque foi significativamente ampliado e introduzidas numerosas espécies exóticas, entre as quais o anel de araucárias em redor do tanque. Em 1896 o filho dos viscondes, o marquês da Praia e Monforte, erigiu um memorial aos pais que se encontra no jardim. Depois da morte do Visconde, em 1872, o filho contratou um jardineiro inglês de nome Milton responsável pelo desenho da serpentina de água e dos grottoes. O terreno adjacente estava dividido em pequenas parcelas, com muitos donos, o que tornou moroso o processo de aquisição de terras para o jardim, cuja ampliação continuou até 1890. Nos finais do séc. XIX o traçado do jardim aproximava-se muito do actual: o obelisco, a Avenida de Palmeiras, o templete neoclássico, as pontes, varandins, vasos e crateras; novas espécies oriundas da América do Norte, da Austrália, da Nova Zelândia, da China e da África do Sul foram plantadas, algumas das quais ainda existem e dominam certas áreas do parque. Em Setembro de 1936 a propriedade foi adquirida pelos atuais proprietários, a família Bensaúde. Um novo jardineiro, John McInroy, restaurou o jardim plantando novas árvores incluindo a avenida de Ginkgo biloba e um novo tanque. O famoso tanque onde se podia remar no século XVIII foi aumentado e é, ainda hoje, alimentado por água termal, mantendo o acesso público. Mais recentemente outras intervenções têm sido realizadas, especificamente a criação de jardins temáticos sob a orientação do jardineiro chefe Fernando Costa (Albergaria, 2005, 2001).

(1) A maior parte do trabalho de pesquisa histórica sobre estes jardins e os do resto das ilhas deve-se a Isabel Albergaria, no âmbito da sua tese de mestrado na Universidade Nova de Lisboa.

Envolvente do jardim

Localizado na aldeia das Furnas, numa cratera com 7 km de diâmetro de um vulcão há muito inactivo, cujos cumes em volta atingem os 800m. O acesso ao jardim realiza-se pelo Largo Marquês da Praia.

Descrição do jardim

Tendo em conta a fisiografia o parque divide-se em duas zonas: a parte alta, com alamedas e bosques densos e a parte baixa, entre a Ribeira Amarela e a serpentina de água onde se desenham os passeios, relvados, tanques e fontes. O carácter destas duas zonas é distinto, prevalecendo um tratamento mais livre na zona alta e mais formal na zona baixa. A rede de percursos integra traçados em curvas, periféricos e as duas grandes alamedas: a “Alameda das Palmeiras” (uma das principais artérias do parque, orientada para o largo da Memória onde se localiza um obelisco) e a “Alameda das Ginkgo biloba”, com cerca de 300m de comprimento. A concepção do jardim é ao estilo clássico do paisagismo inglês, existindo alguns grottoes que enquadram a vegetação exótica. Os jardins temáticos, localizados nos antigos quartéis da antiga quinta, englobam o jardim das Cycas (colecção com 55 espécies de Cycadaceae), o jardim das endémicas (flora indígena e endémica dos Açores), o jardim das flores (tabuleiros de flores anuais e herbáceas permanentes), jardim das camélias e o jardim dos fetos (com cerca de 140 espécies e variedades de fetos arbóreos e herbáceos) (Albergaria, 2005).

Informação administrativa

Estatuto: Privado

Superfície: 12,5 ha

Botanica

Características botânicas notáveis: árvores centenárias dos géneros Metrosideros sp. e Araucaria sp., e outras espécies como: Chorisia speciosa, Cunninghamia lanceolata, Eucalyptus globulus,Ginkgo biloba, Liriodendron tulipifera, Ocotea foetens, Quercus robur, Sequoia sempervirens, Taxodium ascendens, Taxodium distichum, Wollemia nobilis, entre outras; inúmeras espécies de porte arbóreo como por exemplo, os fetos arbóreos, os rododendros, as magnólias e as cameleiras; o Nenúfar-gigante (Victoria cruziana); e os bambus Chusquea coronalis, Dendrocalamus giganteus

Principais espécies botânicas presentes: Abies nordmanniana, Acer sp., Acmena ingens, Adiantum sp., Aechmea sp., Aesculus pavia, Agathis robusta, Aleurites moluccana, Aracauria sp., Arbutus unedo, Archontophoenix cunninghamiana, Bambusa sp., Camellia sp., Castanea sativa, Catalpa bignonioides, Cedrus sp., Cercidiphyllum japonicum, Cercis siliquastrum, Chamaecyparis sp., Chorisia speciosa, Clethra arborea, Cordyline australis, Cornus controversa, Corymbia ficifolia, Cryptomeria japonica, Cunninghamia lanceolata, Cupressus cashmeriana, Cycas sp., Dicksonia sp., Diploglottis cunninghamii, Dracaena draco, Embothrium coccineum, Encephalartos arenarius, Eriobotrya japonica, Erythrina crista-galli, Eucalyptus sp., Eugenia myrtifolia, Fagus sp., Ficus benjamina 'Starlight', Gingko biloba, Gordonia axillaris, Halesia carolina, Halleria lucida, Hydrangea sp., Juglans nigra, Juniperus bermudiana, Laurus nobilis, Liquidambar styraciflua, Liriodendron tulipifera, Lithocarpus glaber, Luma apiculata, Magnolia sp., Melaleuca sp., Metasequoia glyptostroboides, Metrosideros sp., Nephrolepis sp., Nyssa sylvatica, Ocotea foetens, Oxydendrum arboreum, Pandanus utilis, Paulownia tomentosa, Persea indica, Phoenix sp., Phyllarthron madagascariense, Picea pungens 'Niemetz' , Pittosporum sp., Platanus sp., Podocarpus macrophyllus, Populus nigra, Prunus cerasifera 'Pissardii', Pseudolarix amabilis, Psidium cattleyanum, Quercus sp., Rhododendron sp., Sequoia sempervirens, Stewartia sp., Strelitzia nicolai, Styrax obassia, Syzygium jambos, Taxodium sp., Tilia cordata, Tipuana tipu, Ulmus procera, Wollemia nobilis, Zamia furfuracea

Fisiografia topográfica

Cotas altimétricas : de 203m a 226m

Presença de água: nascente de água termal e outras nascentes de água não termal de origem desconhecida

Pedología

Tipo de solo: solos de origem vulcânica

Clima

(Dados do Instituro Português do Mar e da Atmosfera - Normais Climatológicas 1981-2010, Ponta Delgada)

Tipo de clima: Cfb clima temperado marítimo, clima temperado húmido com Verão temperado (Classificação de Koppen)

Temperatura:

- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 25.3 ºC (em agosto); a menos elevada, 16.6 ºC (em fevereiro)

- Temperatura média mensal: a mais elevada, 22.1 ºC (em agosto); a menos elevada, 14.1 ºC (em fevereiro)

- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 19 ºC (em agosto); a menos elevada, 11.5 ºC (em fevereiro)

- Temperatura média anual: 17.4 ºC

Precipitação: 986 mm (precipitação total média anual)

Área de notas

Biodiversidade: Avifauna - Canário-da-terra (Serinus canaria), Cisne-negro (Cygnus atratus), Estorninho dos Açores (Sturnus vulgaris granti), Estrelinha (Regulus regulus azoricus), Faisão Prateado (Lophura nycthemera), Lavandeira (Motacilla cinerea patriciae), Melro-negro (Turdus merula azorensis), Pardal (Passer domesticus), Pato-carolino (Aix sponsa), Pato-mandarim (Aix galericulata), Pato-branco (Tadorna tadorna), Pato-de-bico-vermelho (Netta rufina), Pombo-das-Rochas (Columba livia atlantis), Vinagreira (Erithacus rubecula), Tentilhão-dos-Açores (Fringilla coelebs moreletti), Toutinegra (Sylvia atricapilla atlantis). Morcegos - Morcego-dos-Açores (Nyctalus azoreum), o único mamífero endémico dos Açores.

Intrusões cénicas presentes na envolvente

Autoestrada: não

Estrada: sim

Via de caminho de ferro: não

Outras infraestruturas: sim

Exploração agrícola poluente: não
Indústria: não

Central de produção de energia: não

Fauna: não

Actividades e eventos

Actividades: Hoteleira e Estância Termal; 1. Exclusive thermal bath: banho termal exclusivo em pleno tanque termal com massagem relaxante feita por uma terapeuta; 2. Feel in love, be romantic: depois de uma massagem de relaxante a casal no wellness place, é servido um jantar romântico, exclusivo no parque numa tenda e com aquecedor a gás, terminado com um cocktail no jacúzi; 3. Picnic no Parque: é preparada uma cesta de piquenique em ambiente romântico no parque; 4. Viagem Botânica: é uma visita guiada pelo parque com a Eng.ª Agrónoma Carina Costa; 5. Regresso ao passado no Terra Nostra: é uma visita guiada contextualizando a história do parque e do Hotel, fazendo ligação entre eles; 6. Water Surroundings: Um passeio à chuva pelos canais de água do Parque Terra Nostra, terminando com um mergulho no tanque termal.

Bibliografia

ALBERGARIA, Isabel Soares. Parques e Jardins dos Açores. Lisboa: Argumentum,2005

ALBERGARIA, Isabel Soares. Quintas, Jardins e Parques da Ilha de São Miguel 1785-1885. Lisboa: Quetzal Editores, 2000

ALBERGARIA, Isabel S., PORTEIRO, João. A dimensão cultural das paisagens dos Açores. O contributo dos jardins históricos para a afirmação do turismo sustentável na Região, XV Coloquio Ibérico de Geografía. Retos y tendencias de la Geografía Ibérica. Murcia, 2016.

CÂMARA, Teresa. Parque Terra Nostra. [Internet]. Forte de Sacavém: Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, 2011. [Consultado a 17 dez 2014] Disponível em: <http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=29076>

CASTEL-BRANCO, Cristina.Jardins de Portugal Lisboa: CTT 2014

TERRA NOSTRA. Terra Nostra. [Internet]. [Consultado a 17 dez 2014] Disponível em: <http://www.parqueterranostra.com/pt-PT/menu.aspx>