Sobranceiro à cidade de Lamego, em cume de montanha, assente em plataforma artificial, isolado, destacado, harmonizado, a Igreja rodeada por amplo adro. No adro, cruz monolítica, deslocado da primitiva capela. (http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3737)

Ao lado da igreja, onde um velho castanheiro com um tronco de 4 metros de diâmetro registou o tempo em centenas de anos; dali descemos ao adro e à vista sobre todo o escadório. Do adro da igreja abrange-se todo o conjunto, e todo o ambiente é sério, religioso e eloquente; o eixo perfeito tem como ponto de partido um obelisco e desce perfurando a cidade com um rasgo barroco e grandioso que nenhum outro período da história da arte do homem sobre a paisagem conseguiu atingir. O patamar de cima é enquadrado por colunas, como pórticos de entrada na mata, encimadas por dezoito estátuas dos reis e Patriarcas da Judeia e é rematado por balaustradas robustas em granito que descem sempre iguais, criando os parapeitos das escadarias. Se repararmos no encaixe das pedras de granito dos corrimões percebemos o rigor da obra, a durabilidade dos materiais, e recebemos a lição das soluções que resistem ao tempo. A simetria comanda todo o conjunto e a presença das grandes árvores a ladear os muros que suportam os patamares e escadório faz a transição com a mata. O quarto patamar, a meio desta construção longitudinal, é cortado por uma grande alameda que o atravessa e o liga aos caminhos da mata. A composição é simples e o trabalho imenso: um eixo que desce a montanha e onde se insere Lamego em baixo e a vista para os montes, a mata que ladeia e remata as linhas oblíquas da escadaria e que vale a pena ser percorrida, a água que reaparece em cada um dos nove patamares sublinhando-o, o todo em granito persistentemente trabalhado e robusto. O conjunto de Nossa Senhora dos Remédios é de facto uma obra sublime do Barroco português. (Castel-Branco, 2014)