Rural, isolado, implantado em encosta de pendor suave, com acesso particular por pequena estrada calcetada, aberta nos terrenos da quinta, ladeado por mata e por alto muro em alvenaria de granito que fecha parte grande área da quinta. Na proximidade junto ao cruzamento com a EN 210 encontra-se pequena capela. (http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4833)

De um lado da estrada um muro alto com musgo, do outro dez velhos sobreiros enormes e com cortiça e o portão da quinta de ferros enferrujados, marcas do tempo acumulado, sentimento de que tudo é antigo e dura. Pelo portão avistamos o primeiro jardim de laranjeiras e buxo, antecâmara do terreiro que fica detrás de outro grande muro solene, encimado por peanhas, bustos de granito e brasão ao eixo, através do qual se passa por um segundo portão para aceder ao terreiro. A casa e a capela formam um U e vê-se nelas uma séria manutenção de séculos e um profundo apego à terra. No caminho que leva ao jardim sem passar pela casa há construções antigas de granito e um tanque a brilhar ao sol. Foi aí que, sem saber, descobrimos o segredo de Teixeira de Pascoas: na Fonte do Silêncio, discretamente encaixada sob a parede sul da casa, Pascoaes deixou fixado em pequenas tabuletas o nome e o ano em que estiveram ali os amigos que o marcaram. Perpetuou a memória das suas grandes amizades dentro da fonte, dentro do jardim por onde certamente em conjunto sentiram a paisagem ao longe. Prosseguimos e no canto sul do jardim, por cima do bico do muro, um Ulmus pendula como os bons jardineiros faziam para criar uma sombra larga e baixa, tem os troncos retorcidos suportados por uma estrutura de ferro que o apoia há séculos de crescimento. Neste terraço do jardim, para além dos canteiros de azáleas e aganpanthus, a coleção de plantas indica uma escolha sofisticada (um Cotynus coggiria, um Acer palmatum em redor de uma grande Lagerstroemia indica) e uma mão sábia a plantar o jardim. Há uma fonte barroca e um tanque de granito, e ao longo do jardim corre um muro fixado por uma trepadeira de Ficus repens.A este muro se encosta uma pérgola que dobra no ponto onde o caminho da casinha se amarra, infletindo para sul. A marca desta parte do jardim é dada pela solidez dos esteios largos da pérgola que assentam sobre muros e, em intervalos regulares, se abrem em bancos e alegretes. Sobre a pérgola crescem roseiras e todo o jardim se vai vendo conforme caminhamos por baixo dela e lembramos a escrita sólida de Pascoaes que nos amarra à terra como estes esteios e nas entrelinhas nos empresta o sentir da paisagem do Marão. (Castel-Branco, 2014)