Identificação e descrição
Nome do parque/jardim Jardim Botânico José do Canto
Região Açores
Distrito S. Miguel - Açores
Concelho Ponta Delgada
Freguesia São Sebastião
Data de criação XIX
Tipo de proprietários Proprietário privado
Informação de contacto Rua José do Canto 99500-076 Ponta DelgadaTlf: +351 296 650 310Tlm: +351 967 611 890Fax: +351 296 650 319e-mail: casadojardim@josedocanto.com
Página web: http://www.josedocanto.com/
Página web: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=32393
Localização Coordenadas: 37°44'51.9"N, 25°40'12.0"W
Latitude: 37.7477472222222
Longitude: -25.6700055555556

Abstract

This private garden within Ponta Delgada urban setting shows clearly the owner’s plant adaptation and agronomic experiments objectives. This Botanical Garden of José do Canto offers some of the most beautiful Azorean gardens' tree specimens. In recent years, improvements and restorations made by José do Canto’s descendants (who still own it), allowed the estate to regain its prestige. For a longer experience, the property has a bed and breakfast touristic facility.

História

Em 1845, José do Canto regressa a São Miguel após ter frequentado a Universidade de Coimbra e, na antiga propriedade da família, junto às ruínas do Recolhimento de Santana, inicia intensas plantações de exóticas com o apoio do jardineiro George Brown e segundo o desenho elaborado pelo arquiteto londrino David Mocatta. Durante cinquenta anos, vivendo em Paris ou em S. Miguel, José do Canto adquiriu permanentemente novas espécies para o jardim, obtendo plantas exóticas em viveiros na Europa - Paris, Londres, Bruxelas e Liège. As suas cartas fazem referências constantes a aquisições; parques botânicos visitados ou contactados por carta; viveiristas comerciantes e fornecedores das espécies. A prioridade da obra foi dada ao jardim, às estufas, e à introdução de novas espécies, experimentando-se a um ritmo acelerado o crescimento das plantas. Por conseguinte, o palácio contemplado no projecto de David Mocatta não chegaria a ser edificado. O plano do jardim foi executado por jardineiros ingleses, destacando-se George Brown e Peter Wallace, este último responsável pela construção da estufa. Na sequência de um processo de partilhas o jardim é dividido, ficando separado da casa e das quintas a Norte. Em 1950, Augusto de Ataíde empreendeu então a construção de um palacete ao gosto neo-clássico, numa zona mais elevada e recuada e, no terreiro de entrada, mandou erguer uma grande estátua do fundador, José do Canto. Actualmente, continuando nas mãos da família, os proprietários têm potenciado a exploração turística e a sua qualificação patrimonial, tendo o jardim sido reconhecido no "Botanical Gardens Conservation Secretariat" (International Union for Conservation of Nature and Natural Resources, UNESCO) (Castel-Branco, 2014; Câmara, 2011; Albergaria, 2005).

Envolvente do jardim

Localizado a Norte do núcleo histórico de Ponta Delgada, no sítio de Santana (Albergaria, 2005).

Descrição do jardim

O jardim reflecte, pela diversidade de vegetação ainda presente, o gosto pela Botânica da época, em especial pela flora exótica. Segue os princípios do jardinesco (ou gardenesque) em que a criação de condições físicas e cenográficas para o bom desenvolvimento dos exemplares vegetais prevalece face aos princípios do design. Por conseguinte, a estrutura do jardim é simples: uma larga avenida rompe pela entrada intersectando um grande largo onde outrora se situava o «solar do Frias» (casa de José do Canto antes do terramoto de 1842) e onde hoje está centrada a estátua de José do Canto; esta avenida tem continuação depois do largo, lançando passeios, uns com curvas largas e outros pequenas veredas, culminando, a Norte, no morro onde está implantado o palacete de gosto neoclássico, bem como um pequeno espaço privado anexo ao mesmo. São, igualmente, de notar o Pavilhão (antiga estufa de plantas ornamentais); um pequeno tanque ornamental de forma regular e revestido em rockwork; o busto do rei D.Carlos I, que visitou o jardim em 1901; a clareira (antigo roseiral); e, por entre as veredas, o bambuzal remanescente de um extenso bosque de bambus (Albergaria 2012, 2005, 2001).

Informação administrativa

Estatuto: Privado

Classificação: IIP - Imóvel de Interesse Público

Instrumento legal:Classificado de Imóvel de Interesse Público e de utilidade pública conforme a Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 144/1995, JORAA, 1.ª série, n.º 32 de 10 agosto 1995.(Ver Decreto)Classificado como de interesse social pelo Despacho n.º 392/2010 de 15 de abril de 2010.(Ver Decreto)

Superfície: 5,8 ha

Botanica

Características botânicas notáveis: o jardim chegou a contar com cerca de 6.000 espécies diferentes. Destacam-se as árvores com dimensões monumentais: árvores-da-borracha-australianas (Ficus macrophylla), pinheiros-de-damara (Agathis robusta), araucárias-de-bidwill (Araucaria bidwillii), melaleucas (Melaleuca linariifolia, Melaleuca styphelioides, Melaleuca decora), turpentine (Syncarpia glomulifera) e eucaliptos (Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus delegatensis, Eucalyptus robusta), indígenas da Austrália; pinheiros-da-Nova-Caledónia (Araucaria columnaris), da Nova Caledónia e das ilhas Novas Hébridas; metrosídero (Metrosideros excelsa), da Nova Zelândia; canforeiras (Cinnamomum camphora), do Japão, Ilha Formosa e Malásia; Elaeocarpus decipiens, do Japão, China e Coreia; podocarpos (Podocarpus macrophyllus), do Japão e da China; magnólias (Magnolia grandiflora) e cipreste-dos-pântanos (Taxodium distichum), do Sudeste da América do Norte; azinheiras (Quercus rotundifolia), do Sul da Europa e do Norte de África; carvalhos-roble (Quercus robur), da Europa; tis (Ocotea foetens), da Macaronésia

Principais espécies botânicas presentes:Acacia melanoxylon, Acer negundo, Acmena ingens, Aesculus x carnea, Afrocarpus falcatus, Agathis robusta, Agonis flexuosa, Ailanthus altissima, Albizia julibrissin, Annona cherimola, Araucaria sp., Archontophoenix cunninghamiana, Artocarpus heterophyllus, Bambusa sp., Banksia integrifolia, Bocconia frutescens, Brachychiton acerifolius, Butia capitata, Calophyllum calaba, Camellia sp., Campomanesia reitziana, Carya illinoensis, Castanea sativa, Castanospermum australe, Casuarina equisetifolia, Cedrus libani, Celtis australis, Ceratonia siliqua, Chamaecyparis sp., Chamaerops humilis, Chorisia speciosa, Cinnamomum camphora, Citrus limon, Clethra arborea, Cordyline australis, Cocculus laurifolius, Corymbia ficifolia, Corynocarpus laevigatus, Cryptocarya murrayi, Cryptomeria japonica, Cupressus sp., Cyathea cooperi, Cycas sp., Cyphomandra crassicaulis, Crinum moorei, Diplazium caudatum, Dioon edule, Diospyros sp., Diploglottis australis, Doryphora sassafras, Dracaena sp., Elaeocarpus decipiens, Encephalartos villosus, Eriobotrya japonica, Erythrina speciosa, Eucalyptus sp., Eugenia uniflora, Euphorbia sp., Ficus sp., Frangula azorica, Fraxinus excelsior, Gardenia jasminoides, Ginkgo biloba, Grevillea robusta, Halleria lucida, Hernandia jamaicensis, Hydrangea macrophylla, Hovenia dulcis, Howea sp., Ilex sp., Jacaranda mimosifolia, Justicia carnea, Juniperus sp., Laurus azorica, Lepidozamia peroffskyana, Ligustrum sp., Liquidambar styraciflua, Liriodendron tulipifera, Livistona chinensis, Maclura pomifera, Macrozamia communis, Magnolia sp., Mangifera indica, Melaleuca sp., Metrosideros sp., Morella faya, Musa x paradisiaca, Ocotea foetens, Pachira aquatica, Persea sp., Phoenix sp., Phyllostachys sp., Pittosporum undulatum, Picconia azorica, Pinus sylvestris, Platanus x acerifolia, Pleyogynium timorense, Plumeria rubra, Podocarpus sp., Prunus azorica, Psidium sp., Quercus sp., Rhopalostylis sapida, Rhysotoechia robertsonii, Roupala brasiliensis, Rosa sp., Sequoia sempervirens, Sorocea bonplandii, Styphnolobium japonicum, Syagrus romanzoffiana, Syncarpia glomulifera, Sorocea bonplandii, Syzygium sp., Taxodium distichum, Tipuana tipu, Ulmus minor, Tristaniopsis sp., Waterhousea floribunda, X Cupressocyparis leylandii, Yucca sp.

Fisiografia topográfica

Cotas altimétricas: de 44m a 76m

Pedología

Tipo de solo: solos pouco evoluídos, de origem vulcânica. Litossolos, Solos Litólicos, Regossolos Cascalhentos, Solos Delgados, Alofânicos sobre manto lávico, Andossolos.

Substrato litológico: Em termos globais verifica-se que a maior parte da cidade de Ponta Delgada está edificada sobre zonas com litologia mista (intercalação de escoadas lávicas e depósitos pomíticos e/ou solos), ocorrendo pontualmente escoadas lávicas de espessuras razoáveis e cones de escórias (Queiroz et al., 2007).

Presença de sistema de rega: sim, restaurado em 2008 sob o projecto financiado pelos EEAgrants " Recuperação de Estruturas Hidráulicas, Muros e Pavimentos em Jardins"

Clima

(Dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera - Normais Climatológicas 1981-2010, Ponta Delgada)

Tipo de clima: Csb clima temperado com verão seco e suave (Classificação de Koppen)

Temperatura:

- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 25.3 ºC (em agosto); a menos elevada, 16.6 ºC (em fevereiro)

- Temperatura média mensal: a mais elevada, 22.1 ºC (em agosto); a menos elevada, 14.1 ºC (em fevereiro)

- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 19 ºC (em agosto); a menos elevada, 11.5 ºC (em fevereiro)

- Temperatura média anual: 17.4 ºC

Precipitação: 986 mm (precipitação total média anual)

Intrusões cénicas presentes na envolvente

Autoestrada:não

Estrada:não

Via de caminho de ferro: não

Outras infraestruturas: não

Exploração agrícola poluente: não

Indústria: não

Central de produção de energia: não

Fauna: não

Actividades e eventos

Actividades: acções de formação promovidas pela Fundação Jardim José do Canto sobre flora e paisagem do jardim José do Canto; visitas guiadas; visitas didáticas/ escolares; associações; colóquios; filmagens; workshops; residencial "Casa do Jardim" no piso térreo do palácio. Podem ser consultadas em: Informação de contacto www.josedocanto.com

Eventos: pavilhão para eventos na antiga estufa

Bibliografia

ALBERGARIA, Isabel Soares. Jardins e Espaços Verdes dos Açores. Associação de Turismo dos Açores, 2012

ALBERGARIA, Isabel Soares. Parques e Jardins dos Açores Lisboa: Argumentum,2005

ALBERGARIA, Isabel Soares. Quintas, Jardins e Parques da Ilha de São Miguel 1785-1885. Lisboa: Quetzal Editores, 2000

ALBERGARIA, Isabel S., PORTEIRO, João. A dimensão cultural das paisagens dos Açores. O contributo dos jardins históricos para a afirmação do turismo sustentável na Região, XV Coloquio Ibérico de Geografía. Retos y tendencias de la Geografía Ibérica. Murcia, 2016.

CASTEL-BRANCO, Cristina.Jardins de Portugal Lisboa: CTT 2014

CÂMARA, Teresa. Jardim José do Canto. [Internet]. Forte de Sacavém: Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, 2011. [Consultado a 17 dez 2014] Disponível em: <http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=32393>

JARDIM JOSÉ DO CANTO. Jardim José do Canto. [Internet]. [Consultado a 7 jan 2015] Disponível em: <http://www.josedocanto.com/>

QUEIROZ, G., COSTA, P.T., GOMES, A., ESCUER, M., SENOS, M.L., MATOS, L.. Geologia superficial e ruído sísmico na cidade de Ponta Delgada. [Internet]. [Consultado a 7 jan 2015] Disponível em: <http://www.cvarg.azores.gov.pt/publicacoes/Paginas/cms_149_QUEIROZ-G-COSTA-P-T-GOMES-A-ESCUER-M-SENOS-M-L-MATOS-L-2007-Geologia-superficial-e-ruido-sismico-na-cidade-de-Pont.aspx>

Documentos iconográficos

Características do parque/jardim

Tipologia de jardim : Botânico

Elementos decorativos : Edifício, Pavilhão, Estátua, Lago

Elementos vegetais : Árvores notáveis, Herbáceas vivazes, Arbustos

Estatuto : Privado

Abertura ao público : Bilhete de entrada

WC : sim

Classificado : Imóvel de interesse público

Mobilidade reduzida : possível