Identificação e descrição | |
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Nome do parque/jardim | Jardim Botânico da Ajuda |
Região | Grande Lisboa |
Distrito | Lisboa |
Concelho | Lisboa |
Freguesia | Ajuda |
Data de criação | XVIII |
Tipo de proprietários | Proprietário privado |
Autor | Domingos Vandelli |
Informação de contacto | Jardim Botânico da AjudaCalçada da Ajuda1300 - 011, LisboaTel: +351 213 653 137Tel: +351 213 622 503Fax: +351 213 622 503E-mail: botanicoajuda@isa.utl.pt |
Página web: http://www.jardimbotanicodajuda.com/ | |
Página web: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=9867 | |
Página web: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72758 | |
Localização | Coordenadas: 38º 42' 20.49''N, 09º 12' 05.02''W Latitude: 38.7056916666667 Longitude: -9.20139444444444 |
A história do Real Jardim Botânico da Ajuda começa em 1764, nove anos depois do terramoto que abalou Lisboa, e a sua construção na encosta da Ajuda está diretamente ligada a esta catástrofe. No registo da destruição o lugar da Ajuda fez parte das freguesias que não foram afetadas, pelo que foi escolhida para a construção da residência real. O rei D. José, traumatizado pela destruição que o terramoto tinha causado em Lisboa, não queria mais viver por baixo da pedra, decidindo construir a Real Barraca em madeira. Assiste-se a uma situação inédita em que o jardim passa a ser a única peça que dá grandiosidade à residência real: um jardim botânico destinado à instrução dos príncipes e ao recreio da família real. O arquiteto da Casa Real Manuel Caetano de Sousa, sem possibilidade de exercer a sua mestria em edifícios, investe no jardim embelezando-o com balaustradas, escadas bem talhadas, estatuária de grande originalidade e um traçado geométrico em terraços que se adaptam com harmonia à encosta da Ajuda. Para plantar o jardim o rei chama um botânico da Universidade de Pádua, Domingos Vandelli. Em 1811, Félix de Avelar Brotero, o autor da «Flora Lusitânica», é nomeado diretor do jardim e, desejando ilustrar a sua Flora, vai conseguir que as plantas sejam desenhadas e gravadas em chapa de cobre, servindo o jardim como repositório vivo da flora de Portugal. Ao mesmo tempo existe uma divulgação da cultura de novas plantas úteis, como o algodão e o chá, e experimentam-se árvores como o Jacarandá, o Brachichiton, a Sophora japonica e a Schotia, que ainda hoje se podem visitar no jardim. Em meados do século XIX decidiu fazer-se um novo Jardim Botânico no centro de Lisboa e o da Ajuda entrou em decadência. A partir de 1918 o Jardim fica sob a tutela do Instituto Superior de Agronomia e é dirigido, a partir de 1941, por Francisco Caldeira Cabral, professor e fundador do ensino da Arquitetura Paisagista em Portugal e o responsável pelo restauro do jardim depois do grande tornado de 1941. Nessa altura o jardim serviu para desenvolver os conhecimentos de floricultura, perdendo o seu caráter de coleção de plantas. Depois de 1974, com a Direção de António Almeida Monteiro, o Jardim Botânico transforma-se numa estrutura de apoio à investigação universitária. No entanto, a partir da revolução de 1974, a Universidade passa a ter grande dificuldade em manter o jardim, perdendo-se tanto o caráter de coleção e mostruário de plantas, como o de apoio ao ensino. Em 1993 foi enviado um projeto de restauro à União Europeia, no âmbito do Prémio Europeu de Património e, entre as seiscentas candidaturas recebidas em Bruxelas, o Jardim Botânico da Ajuda foi um dos 30 premiados, iniciando-se o projeto de restauro que terminou em 1997.
Situado na encosta sul da Serra de Monsanto. O jardim botânico da Ajuda relaciona-se com a presença da realeza nesta zona da cidade principalmente com a residência real no Palácio Nacional da Ajuda e com a Tapada da Ajuda.
O jardim é limitado por um muro com três portões, em que dois têm acesso direto ao jardim, um a este e outro a oeste. Junto ao portão nascente localizam-se dois lagos em forma de concha e decorados com pequenas esculturas. O plano do jardim divide-se em dois terraços de forma retangular a diferentes cotas separados por um muro e por balaustradas e ligados por escadas. No terraço superior, os canteiros têm uma disposição em quadrícula, em torno de um eixo, que faz parte do traçado arquitetónico original. Os caminhos que cruzam os canteiros são de saibro acompanhados por alguns bancos de pedra. A coleção botânica plantada nos canteiros está organizada por oito áreas geográficas. O sistema de classificação escolhido foi o de Cronquist, e a disposição inicia-se de nascente para poente com as plantas originárias das seguintes regiões: África, Mediterrâneo, América do Norte e Central, China e Japão, Europa Central e Atlântica, Macaronésia, Austrália e Nova Zelândia e América do Sul Neste terraço existem três lagos, um centrado com a escadaria e os outros dois perto dos limites este e oeste, à mesma distância do centro. Junto ao limite norte estão alinhadas quatro estufas que foram construídas para as plantas vindas das regiões quentes e que não suportavam os invernos frios. Eram aquecidas por caldeiras, que lançavam o ar quente entre os tijolos das paredes, que ainda pode hoje ser vista na sala central do restaurante, a «Estufa Real», que está instalado numa das estufas do jardim. No terraço inferior, os canteiros de buxos aparecem num desenho de linhas retas e paralelas, de influência modernista, simples e de fácil manutenção, da autoria de Caldeira Cabral. As linhas retas repetem-se dentro dos triângulos do desenho original. O terraço inferior é estruturado por dois eixos principais, um N-S, que parte da escadaria central e outro E-O que liga as duas escadarias laterais. O centro do terraço está marcado por uma fonte de forma elítica, onde cresce uma grande quantidade de plantas aquáticas. A oeste do terraço inferior existe uma área destinada a um bosquete, e no limite sul desta área encontra-se o Viveiro das Naus. No lado este do terraço inferior foi criado um jardim de plantas aromáticas para cegos, em que os canteiros foram levantados para que as plantas aromáticas tivessem etiquetas em Braille.
Estatuto: privado
Classificação: IIP - Imóvel de Interesse Público
Instrumento legal: Decreto n.º 33 587, DG, I Série, n.º 63, de 27-03-1944
Proteção: ZPE - Zona Especial Proteção
Instrumento legal: Portaria publicada no DG, II Série, n.º 253, de 29-10-1959
Superfície: 3.5 ha
Principais espécies botânicas presentes: no terraço superior pode encontrar-se árvores notáveis pelo seu porte e idade como, o Dragoeiro (Dracaena draco), Til (Octoa foetens), Schotia (Schotia afra), Ficus (Ficus macrophylla). No terraço inferior: Figueira-da-Índia (Ficus benjamina), Auracária-da-Baía-de-Moreton (Araucaria cunninghamii), Auracária-da-Queenslândia (Araucaria bidwillii). No bosquete: Alfarrobeira (Ceratonia siliqua), Cipreste-do-Buçaco (Cupressus lusitanica), Espinheiro-da-Virgínia (Gleditsia triacanthus), Eucalipto (Eucaliptus sp.), Freixo (Fraxinus angustifolia). No lago do terraço inferior: Sombrinhas (Cyperus alternifolius), Tábua-estreita (Typha angustifolia), Íris-Amarelo (Iris pseudacorus)
Cotas altimétricas: entre 70 a 85 metros
Presença de áreas inundáveis: Não
Presença de lençol freático: Não
Presença de água: Abundância de água que aflora em múltiplas nascentes
Tipo de solo: O solo é argiloso e muito fértil
Substrato litológico: Assente em formações geológicas do cretácico, do complexo vulcânico de Lisboa, assente sobre as formações de alcântara, substrato calcário cristalizado
Presença de sistema de rega: Sim
(Dados do Instituro Português do Mar e do Ambiente)
Tipo de clima: Csa - Clima temperado mediterrânico, verão seco e quente (Classificação de Koppen)
Temperatura:
- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 28.3 ºC (em agosto); a menos elevada, 14.8 ºC (em janeiro)
- Temperatura média mensal: a mais elevada, 23.5 ºC (em agosto); a menos elevada, 11.6 ºC (em janeiro)
- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 18.6 ºC (em agosto); a menos elevada, 8.3 ºC (em janeiro)
- Temperatura média anual: 17.4 ºC
Precipitação: 774 mm (precipitação total média anual)
Vento:
Autoestrada: Não
Estrada: Não
Via de caminho de ferro: Não
Outras infraestruturas: Não
Exploração agrícola poluente: Não
Indústria: Não
Central de produção de energia: Não
Fauna: Não
Actividades: Visitas guiadas e cursos de jardinagem
Eventos: Workshops, feiras, festas, exposições, entre outros.
CASTEL-BRANCO, Cristina. Jardins de Portugal. Lisboa,CTT, 2014
JÁCOME, Mafalda [et al.] Jardim Botânico da Ajuda [Internet]. Forte de Sacavém: Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, 2014. [Consultado a 9 fev 2015] Disponível em: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=9867
Tipologia de jardim : Botânico, Terraço
Elementos decorativos : Fonte, Balaustrada, Lago, Bancos, Estufa
Elementos vegetais : Árvores notáveis, Arvores, Arbustos, Plantas anuais
Estatuto : Privado
Abertura ao público : Bilhete de entrada
WC : sim
Classificado : Imóvel de interesse público
Mobilidade reduzida : limitado