Identificação e descrição | |
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Nome do parque/jardim | Cabo Espichel |
Região | Grande Lisboa |
Distrito | Setúbal |
Concelho | Sesimbra |
Freguesia | Castelo |
Tipo de proprietários | Estado |
Informação de contacto | Cabo Espichel2970-000, Sesimbra |
Página web: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=27494 | |
Página web: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6165 | |
Página web: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73479/ | |
Localização | Coordenadas: 38º 25' 12,07''N, 09º 12' 54,08''W Latitude: 38.420191 Longitude: -9.215231 |
No Cabo Espichel, durante a Idade Média, surge um culto à Nossa Senhora da Pedra Mua com início conhecido de peregrinações em 1366. A palavra Mua é uma corruptela da palavra mula que vem da seguinte lenda: «Dois idosos, um de Alcabideche e outro da Caparica, sonharam com uma luz a brilhar no Cabo Espichel que a Virgem lhes recomendara seguir. Ambos se puseram a caminho seguindo a misteriosa luz que continuava a brilhar todas as noites. Quando chegaram ao Cabo ficaram maravilhados ao verem a imagem da Virgem Maria montada numa mula que subira a escarpada arriba deixando nas pedras as marcas das suas patas.» (A propósito do Círio da Nossa Senhora do Cabo in BOLETIM DA JUNTA DA PROVÍNCIA DA ESTREMADURA, 1953). Destes tempos resta a ermida da Memória (1428) de arquitetura mudéjar, enigmática marca islâmica. As placas calcárias quase verticais desta elevação foram escorregando e numa delas apareceram pegadas de dinossauros perfeitamente marcadas e visíveis que foram atribuídas à mula que transportava a Nossa Senhora até ao alto do Cabo Espichel. Só no século XX foram identificados os rastos como pegadas de dinossauros, sendo que durante seis séculos o culto da Nossa Senhora da Pedra Mua foi enraizando-se e tomando conta do lugar. O culto à Nossa Senhora do Cabo baseia-se num sistema anual de rotação da imagem de Nossa Senhora, que passa um ano em cada uma das 26 freguesias do Círio Saloio, sendo o local e o momento da entrega exatamente o Cabo Espichel e a festa da Ascensão. A partir de 1701, o rei D. Pedro II vem juntar-se aos peregrinos e reconstrói a primitiva ermida, do tempo de D. Manuel, tornando este santuário no primeiro centro de peregrinações. A afluência ao santuário aumenta e durante o século XVIII os reis foram investindo e melhorando este local de culto que abrangia toda a paisagem. D. João V e D. José adicionam peças de arquitetura erudita à popular dos peregrinos. A casa de água abobadada é construída num ponto alto em 1770 e vem acentuar o efeito de perspetiva do arraial, prolongando-lhe o eixo e criando a tensão necessária entre o vazio do arraial, a igreja a poente e a casa da água a nascente. O eixo é depois marcado pelo cruzeiro, reforçando o efeito de praça aberta num dos lados. (CASTEL-BRANCO, C., 2014)
O Cabo Espichel integra o conjunto montanhoso da Arrábida. Forma um conjunto de superfícies aplanadas a diferentes níveis, formado por altas arribas erosivas de abrasão marítima. Nesta zona é visível a estrutura monoclinal que decorreu da inversão tectónica, ou seja, as camadas de idades mais recentes ocupam um lugar inferior às mais antigas devido a fenómenos tectónicos compressivos. Nas arribas e falésias adjacentes à capela encontra-se um conjunto de pegadas de dinossauros. (CÂMARA, T., 2008; CASTEL-BRANCO, C., 2014)
De toda essa efusão humana das romarias ficaram construções sólidas e simples. O santuário é composto por dois corpos paralelos de um andar, suportados por arcarias de pedra, e que deixam a meio o vazio de um terreiro amplo – o arraial – rematado pela fachada da igreja barroca. A paisagem divide-se entre a terra e a vastidão do mar. Para cima, o perfil escuro de Sintra que corta o céu, à frente e para sul, a linha do horizonte onde o sol se põe e sob os pés as placas verticais das rochas, encostadas umas às outras, batidas pelas ondas. (CASTEL-BRANCO, C., 2014)
Estatuto: Público
Classificação: PN - Parque Natural da Arrábida (área Arrábida-Espichel)
Instrumento legal: Decreto Regulamentar nº 23/98, de 14 de outubro
Superfície:
Características botânicas notáveis: A vegetação é composta por espécies essencialmente autóctones.
Principais espécies botânicas presentes: Quercus coccifera (Carrasco), Rubia peregrina (Ruiva branca), Rhamnus lycioides ssp. Oleoides, Lonicera implexa (Madressilva), Pistaccia lentiscus (Aroeira), Phlyllirea angultifolia (Lentisco-bastardo), Juniperus phoenicea (Sabina-negral), Ulex densus (Tojo-comum), Arbutus unedo (Medronheiro), Cistus salvifolius (Estevinha), Cistus crispus (Rosêlha-pequena), Lavandula stoechas (Rosmaninho), Crataegus monogyna (Pilriteiro), Myrtus communis (Murta), Ononis reclinata (Unha-se-gato), Nepeta tuberosa, Rosmarinus officinallis (Alecrim), Astralagus lusitanica (Balanco-bravo), Rhamnus alaternus (Aderno-bastardo) e Briza maxima (Abelhinhas).
(Dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera)
Tipo de clima: Csb clima temperado com verão seco e suave (Classificação de Koppen)
Temperatura:
- Temperatura máxima mensal: a mais elevada, 30.1 ºC (em agosto); a menos elevada, 15.3 ºC (em janeiro)
- Temperatura média mensal: a mais elevada, 23.2 ºC (em agosto); a menos elevada, 10.1 ºC (em janeiro)
- Temperatura mínima mensal: a mais elevada, 15.3 ºC (em agosto); a menos elevada, 4.8 ºC (em janeiro)
- Temperatura média anual: 16.6 ºC
Precipitação: 735,3 mm (precipitação total média anual)
Autoestrada: não
Estrada: não
Via de caminho de ferro: não
Outras infraestruturas: não
Exploração agrícola poluente: não
Indústria: não
Central de produção de energia: não
Fauna: não
Outros: não
CASTEL-BRANCO, Cristina.Jardins de Portugal Lisboa: CTT 2014
CÂMARA, Teresa. Parque do Bonfim. [Internet]. Forte de Sacavém: Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, 2008. [Consultado a 3 fev 2015] Disponível em: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=24128
INSTITUTO DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DAS FLORESTAS. Parque Natural da Arrábida. [Internet]. [Consultado a 3 fev 2015] Disponível em: http://www.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnar